Jornalista agredido.
Jornalista agredido.

O jornalista Marivaldo Filho, editor de política do site Bocão News, relatou em uma denúncia que foi agredido fisicamente por policiais militares na noite do último sábado, 04, no bairro do Bonfim, em Salvador.
Segundo o jornalista, o fato ocorreu quando ele saia de uma confraternização e decidiu registrar, através da câmera do celular, a agressão física sofrida por um colega após este ter colocado um copo de cerveja em cima do carro de um PM que estava à paisana, mas acompanhado do grupo fardado que conduziu a agressão.
“Na saída [da festa], presenciei agressões covardes de policiais militares a um amigo somente porque ele tinha colocado um copo de cerveja em cima do carro de um dos policiais que estava sem farda. Além de procurar desentendimento por um motivo tão banal , foi “auxiliado” pelos outros, fardados, que espancaram o rapaz sem nenhum motivo. Indignado com o que vi, resolvi tirar uma foto da viatura”, disse o jornalista em um texto postado no Facebook, neste domingo (5).
Quando um dos policiais percebeu que a ação estava sendo filmada, ele questionou ao jornalista e começou a gritar. “[Ele] Gritou e mandou eu apagar a foto. Respondi que não apagaria porque não tinha feito nada de errado. Ele perguntou se eu era advogado do rapaz agredido. Respondi que era jornalista. Foi a senha para o terror começar”.
Segundo Marivaldo Filho, os policiais lhe deram voz de prisão por desacato e desobediência e, em seguida, desferiram diversos socos na cabeça antes de ser “colocado na viatura da forma mais agressiva que vocês possam imaginar”. “Já atordoado, o policial devolveu meu celular para que desbloqueasse e ele pudesse apagar a bendita foto. Por ter tomado muitos socos, não conseguia acertar a minha senha, completamente baqueado com os murros”, lembrou.
Ainda de acordo com Marivaldo, por não ter acertado colocar a senha no celular, um dos policiais pegou um objeto na rua, parecido com uma pedra, e acertou contra a cabeça dele; o ferimento, resultou em uma sutura com oito pontos.
“Depois de, enfim, conseguir colocar a minha senha e dar o celular para ele apagar a foto, fui algemado e colocado na viatura. Fui conduzido de forma desumana à UPA do bairro de Roma e, apesar de passar a vergonha de entrar na unidade algemado e agredido porque resolvi registrar a brutalidade dos PMs, fui muito bem atendido. De lá fui encaminhado à Central de Flagrantes e só saí de lá às 5h20. Fui confortado pelo olhar acolhedor da delegada e pensei: ‘existem os bons! Existem os policiais de bem'”, escreveu.
Marivaldo diz que vai levar o caso até as “últimas consequências” e que espera uma resposta do Estado. “Fiz exame de corpo de delito e amanhã vou à Corregedoria. Continuarei lutando contra o que é injusto. O que aconteceu comigo não é um fato isolado. Acontece aos montes nos bairros pobres e continuam invisíveis”, afirmou.
Em entrevista a outro site da capital baiana, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba), Marjorie Moura, classificou o caso como um absurdo e afirmou que o que aconteceu não deixa de ser uma agressão à liberdade de expressão, “quer ele estivesse no exercício da profissão, quer estivesse sendo cidadão. O Sinjorba já se colocou à disposição do jornalista Marivaldo Filho e deverá acompanhá-lo até a Corregedoria da Polícia Militar, nesta segunda-feira (6).
Em nota, a Polícia Militar informou que até o final da tarde deste domingo (5), não havia “registro formal nos órgãos correcionais da Corporação sobre o fato relatado” pelo jornalista em rede social. Ainda de acordo corporação, as circunstâncias do ocorrido serão apuradas, e caso haja a confirmação do relatado, a PM irá aplicar as medidas previstas em lei.