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Pânico, corre-corre e gritaria. Foi isso que quem passou pela Estação Iguatemi, por volta das 13h30 de ontem, encarou, quando um ambulante que vendia bebidas na estação foi morto a tiros e uma mulher que também estava no local foi baleada.

Segundo testemunhas, o vendedor ambulante Nadson Alves Boa Morte, 19 anos, estava acompanhado da namorada, próximo aos boxes onde funcionam as lanchonetes, quando foi abordado por três homens.

Um dos suspeitos, armado, teria disparado seis tiros em Nadson, todos na região da cabeça. Na confusão, Keila Passos Rosa, 35, que estava almoçando em uma das lanchonetes, foi atingida no ombro esquerdo.

“Foi um tiro atrás do outro. Todo mundo saiu correndo, daí eu também não ia ficar aqui, né? Saí correndo em direção à passarela”, contou o também vendedor ambulante Anderson Ferreira, 72, que trabalha há 18 anos no local.

Com a correria, os comerciantes das lanchonetes também fecharam as portas. “Foi mesa, madeira, bandeja de comida voando. Todo mundo com medo e os clientes foram saindo sem pagar… Eu também fechei minha barraquinha e me escondi no banheiro”, afirmou outra ambulante, que preferiu não se identificar. Segundo a polícia, a ação foi rápida: o trio chegou a pé e fugiu em direção à rodoviária.

Para o major Arnaldo Neto, comandante da 35ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM-Iguatemi/Itaigara), o crime tem características de execução. “Ele (Nadson) estava parado com a namorada, mas alguém veio com intenção de matar ele. Tudo indica que foi planejado”, afirmou o comandante.

Já Keila, ainda segundo o comandante, provavelmente foi vítima de bala perdida. Ela foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhada ao Hospital Geral do Estado (HGE). De acordo com o posto policial da unidade, ela continuava internada até o início da noite de ontem, mas apresentava quadro de saúde estável.

Antecedentes

Abalada, a namorada de Nadson precisou ser amparada por parentes. “Ele estava conversando comigo, dizendo que ia para casa tomar banho, quando vieram os caras e atiraram”, contou a jovem, identificada somente como Ana Paula. Ela afirmou que estava grávida do ambulante.

Segundo o pai do jovem, o auxiliar de serviços gerais Antônio Bonfim, 43, Nadson não tinha inimigos. “Era um menino bom, que estava trabalhando aqui”, disse.

No entanto, segundo a polícia, Nadson já tinha sido preso duas vezes. Em 2012, foi preso em São Paulo por porte ilegal de arma. Este ano, foi preso em flagrante, em Salvador, por policiais da 9ª Delegacia (Boca do Rio), por roubo de celular.

Além disso, ele ainda teria sido preso outras três vezes por assaltos a ônibus. “A própria família dele nos informou isso, mas ainda não encontramos o registro. É possível que os assaltos a ônibus tenham sido registrados de outra forma, como pelo roubo do celular”, explicou o major Arnaldo Neto, da 35ª CIPM.

Até ontem, a polícia ainda não sabia qual poderia ter sido a motivação do crime. “Ainda não podemos afirmar nada”, explicou a delegada Mariana Ouais, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que fez o levantamento cadavérico e afirmou que o corpo apresentava seis perfurações. A delegada também não soube informar se existiam câmeras de segurança no local.

Insegurança

Quem trabalha na Estação Iguatemi diz que o clima de insegurança não é novidade – nem exclusividade do dia de ontem. “Na hora que aconteceu, não tinha nenhum policial. O transbordo está entregue às traças, não tem segurança nenhuma”, desabafou uma vendedora ambulante, que não quis se identificar.

Para o ambulante Anderson Ferreira, 72 anos, que há 18 trabalha na estação, o policiamento deixa a desejar. “Eles pensam que só viatura resolve”, analisa. Contudo, de acordo com o major Arnaldo Neto, comandante da 35ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM-Iguatemi/ Itaigara), o policiamento na região é feito de forma ostensiva.

“Temos sempre dois policiais que ficam se revezando 24 horas, além de viaturas nossas (35ª CIPM), e da Rondesp e da Operação Gêmeos”, garantiu.*Correio.