Dona Eurides Fagundes mora há pelo menos 17 anos em uma casa de apoio ao paciente com câncer, no bairro de Cidade Nova, em Salvador. A anciã, que pode ser uma das mulheres mais velhas do mundo, ganhou o apelido carinhoso 'Vovó' das cuidadoras da Associação Solidariedade Grupo de Apoio ao Paciente Portador de Câncer (ASGAP), no bairro de Cidade Nova, em Salvador, onde ela vive há 17 anos.

Dona Eurides nasceu no dia 6 de dezembro de 1894, em Salvador, segundo sua carteira de identidade, mas contesta e diz que nasceu e foi criada em Caboto, no município de Candeias, região metropolitana de Salvador. Com 120 anos, ela conta que chegou a conhecer Lampião e Maria Bonita que, por sinal, nasceram depois dela, em 1898 e em 1911 respectivamente. "Ele assustava todo mundo e não existia aquele que não tivesse medo", conta.

A idosa nunca teve filhos e também nunca casou. Diz que se desiludiu dos homens por conta de um amor não correspondido na adolescência. Parentes vivos e que ela tenha relação, sobraram apenas alguns sobrinhos que moram em Candeias e que vão visitá-la em datas comemorativas. "Vou passar essa Páscoa com eles. Em dezembro (mês do seu aniversário) eles estiveram aqui", lembra. Vovó foi morar na casa de apoio após uma cirurgia, em 1995 no Hospital Santa Izabel, para a retirada do útero após descobrir um câncer na região e foi quando o vice-presidente da casa, Jorge Brito, resolveu adotá-la.

"Na época da cirurgia (quando tinha 101 anos) ela precisava de acompanhamento e deveria ter alguns cuidados especiais e Brito percebeu que ela não teria esses cuidados em Candeais – onde ela morou com os familiares por alguns anos – então ele decidiu deixá-la na casa mesmo curada" explica Maria Helena, cuidadora de Dona Eurides há dois anos.

Maria diz que a alimentação de Eurides é bem regrada. "Ela não pode comer muita coisa, principalmente pelos problema de diabete e pressão alta. Mas vez ou outra fazemos alguma vontade dela. 'Páscoa tá chegando, será que teremos um bacalhauzinho, vó?'", pergunta recebendo um sorriso de felicidade de Dona Eurides. Por conta da idade, ela lembra de poucas coisas de como era Salvador, apenas que trabalhava em casas de família. 'Eu saia de uma casa para outra, fazendo faxina e tomando conta de criança e idoso. Não tinha tempo de estudar, só de trabalhar", lembra Dona Eurides que não sabe ler nem escrever.

Perguntada sobre o segredo da sua longevidade, Vovó acredita que foi um querer de Deus. "Ele quis e estou aqui. E ainda quero mais", fala sorrindo. Oficialmente, a mulher mais velha do mundo é a japonesa Misao Okawa, reconhecida pelo Guinness Book, o livro dos recordes, e que completou 117 anos no dia 5 deste mês.

*Com informações Ibahia