Mães destrocam bebês, em Goiânia

Dois bebês de quase dois meses, que foram trocados na sala de parto de um hospital em Goiânia, foram entregues aos pais biológicos na quarta-feira (9). Um exame de DNA comprovou que as crianças deixaram a unidade de saúde com as famílias erradas. A Polícia Civil apurou o caso e concluiu que não houve crime, mas uma sucessão de erros dos profissionais que atuaram nos procedimentos.

As meninas, batizadas como Ana Clara e Ana Vitória, nasceram no último dia 16 de agosto na Maternidade São Judas Tadeu, na capital. Os partos foram feitos em horários próximos. Segundo a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Renata Vieira, o hospital assumiu que as mães das crianças trocaram de lugar na fila do centro cirúrgico.

“Enquanto a Alessandra estava na sala de cirurgia, a Eucivânia teve muitas dores. A equipe acabou retirando a Alessandra da sala de cirurgia e colocando a Eucivânia para fazer a cirurgia primeiro. Acredito que as pessoas que estavam preparadas para realizar o parto acreditaram que estavam operando a própria Alessandra”, explicou.

A delegada afirmou ainda que uma enfermeira se confundiu na hora de colocar a pulseira nas crianças. “Ela viu que as duas crianças estavam identificadas com o nome de apenas uma das mães. Aí ela decidiu quem era quem”, explicou.

A troca só foi percebida após um mês do nascimento. Um dos pais, o bombeiro civil Eurípedes Mitroviche, decidiu procurar informações a partir de suspeitas levantadas pelo avô do bebê. “Fiz o exame de DNA e foi comprovado que a menina não era minha”, conta.

A mulher do bombeiro, a vendedora Eucivânia Angélica, diz que ficou chocada quando descobriu que a criança que estava com ela não era sua filha biológica. “Fiquei bastante surpresa, bastante chocada, corri atrás da minha filha o mais rápido possível”, declarou.

O casal procurou o hospital e, sem sucesso, denunciou o caso à polícia. A delegada Renata Vieira apurou que, no dia do nascimento, outras 11 mulheres deram à luz no local. Com base no horário do parto, ela convocou a atendente Alessandra Fernandez para também fazer um exame de DNA, pois ela fez o procedimento em horário próximo ao de Eucivânia. “Eu nem imaginava isso e quando me chamaram não acreditei”, afirmou Alessandra.

Inquérito

A delegada disse que o inquérito foi concluído e que ficou provado que não existiu crime e nem intenção do hospital em prejudicar as famílias. Já a Maternidade São Judas Tadeu informou, em nota, que está apurando o caso.

As duas famílias já decidiram que vão processar o hospital por danos morais. Não apenas pela troca dos bebês, mas por erros que constam nos prontuários das pacientes. No caso de Eucivânia, por exemplo, consta que ela teve um parto normal. No entanto, a vendedora foi submetida a uma cesariana.

Apesar de todos os transtornos, as mães afirmam que se apegaram às crianças e que vão manter contato. “Nós não vamos perder o contato. Porque nos duas já pegamos muito amor por elas”, declarou Alessandra.

*G1.