Subsecretário de Segurança Pública é flagrado com arma em punho

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia divulgou as imagens da câmera de segurança que mostram o momento em que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) entram na sede do órgão, em Salvador.

A gravação é divulgada após repercussão da fotografia que registrou o subsecretário da SSP-BA, Ari Pereira, apontando arma em direção aos manifestantes. O gestor disparou três tiros durante a ocupação, na manhã desta terça-feira (10), afirma o MST. Ninguém ficou ferido.

As imagens da SSP mostram os integrantes do movimento social com foices e pedaços de madeira pretendendo subir as escadas para ocupar os outros andares. Uma das pessoas tenta quebrar a câmera de segurança com uma foice. Outra imagem mostra o momento em que mais pessoas acessam o prédio, enquanto um policial, que fazia a segurança, recua.

Veja o vídeo:

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O secretário Maurício Barbosa comentou a situação. "Não podemos aceitar nenhum tipo de tomada do prédio que representa e simboliza a segurança pública do nosso estado, sob qualquer pretexto. Nós tivemos que apelar para o uso de arma de fogo em detrimento a inúmeras pessoas que entraram aqui de facão e de foice na mão deliberados a tomar o prédio. Temos que salvaguardar a integridade física dos nossos servidores", defende.

A SSP, por meio da assessoria, confirmou os disparos, sem associá-los ao subsecretário. Um dos integrantes do MST, Valber Rubens Santos, afirmou que não houve uso de violência por parte do movimento.

"Viemos de forma pacífica. Ao chegar na porta, o subsecretário de Segurança Pública da Bahia deflagrou três tiros contra os manifestantes. Não houve invasão. Nós chegamos até a porta do prédio", alegou, em entrevista à TV Bahia.

O MST pede agilidade na emissão de posses de terras e cobra punição aos responsáveis pelo assassinato de Fabio dos Santos Silva, ocorrido no município de Iguaí, região sudoeste da Bahia. O dirigente foi morto a tiros em abril deste ano. A SSP-BA informou que entrou em contato com a Polícia Civil para saber como está o andamento do inquérito da morte.

Após a situação, o grupo se deslocou para a sede da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri), cuja sede, assim como a da SSP, funciona no Centro Administrativo da Bahia (CAB), na capital baiana. Eles avisam que só saem do local quando as reivindicações forem atendidas. A Polícia Militar monitora a ocupação.

Acampamento

Na segunda-feira (9), integrantes do movimento ocuparam a área externa da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), também no CAB. De acordo com Luis Carlos Ferreira, da direção estadual do MST, o protesto é para pedir uma política de reforma agrária no Brasil e na Bahia. Ferreira afirma que atualmente a situação no campo, no estado, é conflituosa, o que tem gerado até mortes em algumas regiões.

"O governo não consegue ter uma política de reforma agrária tanto no Brasil, como no estado da Bahia, e a situação no campo é conflituosa. Ultimamente, nós perdemos um companheiro que foi vítima da luta pela terra, na cidade de Iguaí. Ele foi morto por pistoleiros, e agora, recentemente, em Antas, na Bahia, um grupo de pistoleiros ocupou, de forma violenta, uma fazenda. Nós estamos aqui nesse sentido, porque nós estamos querendo resposta", disse.

Segundo Luis Carlos Ferreira, integrantes do MST esperam receber a posse de mais 20 áreas que estariam ajuizadas. "Estão prontas para serem emitidas as posses e a Justiça Federal não consegue também emitir a posse dessas áreas. O pessoal está aqui nada mais reivindicando aquilo que é um direito seu e a gente vê que está parado. Nós estamos vivendo uma situação de comodismo, o campo está parado, as políticas públicas não chegam até os agricultores para fomentar a sua produção. É uma situação que não tem outro meio a não ser os trabalhadores deixarem sua roça, deixar sua família, e vir reivindicar aqui do governo federal e do governo estadual agilidade no processo de reforma agrária", afirmou o integrante do MST.

*G1.