Caetité –  O impasse sobre o destino da carga nuclear com 90 toneladas de concentrado de urânio que seria encaminhada para a mina das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) em Caetité (757 km de Salvador) chegará ao quarto dia sem solução.

A estatal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, ameaça entrar com pedido, na Advocacia Geral da União (AGU), para liberar o transporte do material por meio de um mandato de segurança.

As carretas com os contêineres estão retidas no batalhão da Polícia Militar no município vizinho de Guanambi (40km de Caetité), depois que a população impediu a entrada dos comboio na cidade, com medo de se tratar de lixo atômico.

Nesta quarta-feira, 18, novas manifestações foram realizadas em Caetité contra a transferência da carga para a mina de Maniaçu (28 km do centro).

Desde então, técnicos da INB e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foram para Caetité para comprovar a idoneidade do material.

O presidente da INB, Alfredo Tranjan, disse ontem, em Caetité, que o material está em local inadequado e que o impasse precisa ser resolvido com urgência.

Diante das declarações, uma equipe da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi a Guanambi, no final da tarde de ontem para vistoriar o material.

O relatório não foi divulgado.

As declarações do presidente da INB também provocaram rumores de que uma nova manifestação seria realizada, ontem, dessa vez em Guanambi, pedindo a retirada do material da cidade.

A reunião que decidiria sobre o destino da carga foi interrompida, mas, apesar da preocupação, os boatos não se concretizaram.

O prefeito de Guanambi, Charles Fernandes Silveira Santana, solicitou “a imediata retirada do elemento radioativo para local de acordo com as normas técnicas determinadas pela CNEN”.

A Comissão Pastoral do Meio Ambiente recorreu aos ministérios públicos estadual e federal, mas as entidades também não se manifestaram sobre o assunto.

Apesar de descartada a possibilidade da carga radioativa ser lixo atômico, a preocupação agora é com o processo de reembalagem do urânio, que deverá ser transferido para outros toneis, podendo gerar resíduos.

“Nós nos propusemos a abrir nossas instalações, chegaram dois técnicos da CNEN que podem acompanhar o processo para ver que somos efetivamente capazes”, disse o presidente da INB.

* Fonte: A Tarde