Com direito a fanfarra, fantasia e muito barulho, um bloco nada comum invadiu o Circuito Dodô (Barra/Ondina) no início da noite desta quinta-feira (27), primeiro dia do Carnaval 2014 de Salvador. Pelo terceiro ano na folia, a Pipoca Indignada reúne baianos com o mesmo ideal: o de lutar por um espaço mais democrático nas ruas da capital soteropolitana.

Uma das organizadoras do bloco, a estudante Roberta Araddi, contou como surgiu a ideia: "O Pipoca Indignada nasceu para mostrar a nossa indignação com camarotes e blocos de camisas, que privatizam o Carnaval de Salvador. A festa é de todos e não deve ser separada por essa industria capitalista", disse.

Pequeno, porém cheio de expressividade, o bloco Pipoca Indignada atraiu até um jovem da Geórgia, um país situado entre a Europa e a Ásia, pertinho da Rússia. Ao ser questionada sobre a participação na festa, a jovem sorriu e respondeu em um português cheio de sotaque: "Tenho um amigo que gosta e me chamou", explicou Ana. "É bem diferente".

Fantasiada de palhaça, Tatiana Didonê, que também faz parte do movimento desde o seu início, explicou a importância da iniciativa. "Somos uma espécie de 'Mudança do Garcia', um bocado de gente envolvida em outros movimentos que se reúne nesta época para chamar a atenção do povo para uma triste realidade – a de que o carnaval de Salvador não é mais do povo. Esse negócio de bloco e camarote não foi feito pra gente, e sim pra quem vem de fora. Buscamos a democratização da festa, e acima de tudo do espaço público".

Com uma latinha de cerveja na mão, a Indignada distribuía pipoca doce e sorrisos para a multidão curiosa que cercava o bloco. "Tá difícil ser folião hoje em dia, né? Agora nem a cerveja que a gente bebe nós podemos escolher, aí fica complicado", comentou Tatiana, rindo.

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