O corpo da vendedora que morreu esfaqueada em uma passarela na av. Paralela foi enterrado na tarde desta quarta-feira (8) no Cemitério Municipal de Portão, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador. O único suspeito pelo crime até agora é o ex-marido da vítima, que continua desaparecido.

Jéssica Ramos de Oliveira, 20 anos completados na última terça, foi morta com 15 facadas na manhã de ontem. Ela seguia para o trabalho, na loja de sapatos Comparatto, quando foi atacada por um homem que a polícia acredita ser o ex-marido, o motorista particular Jean Silva Marques. Os dois, que moravam no Parque São Cristóvão, estavam separados há um ano, mas, segundo a família da vítima, o acusado não aceitava o fim da relação.

Por conta do crime, familiares e amigos de Jéssica fizeram um protesto na tarde nas ruas do bairro de São Cristóvão, depois do enterro. Ainda de acordo com a 49ª CIPM, cerca de 70 pessoas participaram do protesto, houve a queima de pneus e a via já foi liberada. Durante a manifestação, a frente do Salvador Norte Shopping foi obstruída e, depois, os manifestantes seguiram por São Cristóvão, informou a 49ª CIPM.

Nesta madrugada, a casa dos pais do suspeito pegou fogo – eles dormiam no momento, mas conseguiram acordar e fugir. Não houve feridos.

Ciúmes

Segundo a tia de Jéssica, Sônia dos Santos Weber, Jean era obcecado pela ex-mulher. “Ele a matou porque era doente por ela. Jean não queria que Jéssica trabalhasse, tinha ciúmes até dos primos dela. Ela se separou dele e mesmo assim ele a perseguia. Muito antes de marcar o rosto dela, já tinha cortado o cabelo dela duas vezes com uma faca”, contou Sônia.



De acordo com Sônia, Jéssica deixa um filho de 2 anos, fruto do relacionamento com Jean. “Os dois eram vizinhos no Parque São Cristóvão”, disse. A relação durou 3 anos. Jean deixou a casa onde moravam e foi residir com a mãe dele, próximo à residência da ex.



Jéssica trabalhava na loja do shopping há um ano. “Algumas vezes, ele (Jean) vinha aqui, mas não entrava. Ela saía, conversava, e retornava”, declarou a gerente da loja, sob anonimato.

Polícia pediu medida protetiva para Jéssica há cerca de um mês

A delegada Ana Virginia Paim, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas, informou que a unidade solicitou medida protetiva para Jéssica, quando a jovem prestou queixa contra o ex-marido há cerca de um mês, com marcas de faca no rosto.

“Às vezes, o juiz defere e a gente não é notificado. Tentei até saber hoje, mas o portal do Tribunal de Justiça estava fora do ar”, declarou a delegada. Na ocasião, Jean foi conduzido por policiais militares à unidade, foi ouvido e liberado após passar a noite custodiado. Sobre o fato de o suspeito não ter ficado preso, a delegada explicou: “Dias depois do episódio (agressão), ela encontrou com ele em via pública e, com medo, parou uma viatura da Polícia Militar, que o trouxe aqui”, disse a titular.



De acordo com ela, todos os procedimentos cabíveis naquele momento foram adotados. “Fizemos toda a parte burocrática. Uma delegada (substituta) ouviu as duas partes, expediu guia de lesão corporal para a vítima e solicitação da medida protetiva”, argumentou Paim.



“Ela tinha uma audiência marcada sobre a denúncia na segunda-feira que vem”, informou Cristiane Gomes, uma das tias da vítima. O CORREIO tentou contato com o Tribunal de Justiça para saber sobre o andamento do pedido da medida protetiva. No entanto, a assessoria informou que consta um processo em nome de Jéssica na 12ª Vara da Família, mas não poderia informar qual era o conteúdo desse processo. As informações são do Correio da Bahia.