A Defensoria Pública da Bahia recebeu denúncias, na última quarta-feira (6), de que presos do presídio de Jequié foram torturados e estavam em salas isoladas, sem que fosse restado atendimento médico.

Depois da denúncia, o interventor do presídio, Paulo Salinas, ainda bloqueou o acesso de defensores públicos em todos os módulos da unidade.

A rebelião dos detentos na última segunda-feira (4) teria sido motivada pela transferência de 13 líderes do crime organizado e uma revista geral, com a apreensão de celulares, chips, facas, facões, dinheiro e outros objetos, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia –(SEAP).

Mas dois defensores públicos visitaram a unidade e conversaram com presos, que apresentaram outra versão. Segundo a SEAP, antes da revista geral, teriam sido abordados pela Polícia de Choque, com chutes, golpes de cassetete, balas de borracha e gás de efeito moral.

Entre o material apreendido, estaria o equipamento usado para costura de bolas, trabalho que é realizado no presídio, e o dinheiro proveniente dessa atividade, e ainda alimentos levados por parentes. Por causa da rebelião, houve interrupção no fornecimento de refeições e os presidiários ficaram todo o dia sem se alimentar.

Presos entregaram bilhetes aos defensores, relatando que há feridos até mesmo com fraturas expostas, transferidos para alas de acesso restrito. Os detentos apresentam marcas no corpo e escoriações.

"Precisamos ter acesso a todas as alas do presídio, verificar as condições desses locais e dos presos para apurar as violações de direitos humanos relatadas, garantir que os internos feridos sejam submetidos a exames de corpo de delito com urgência e adotar outras medidas cabíveis”, afirmou a defensora pública Itanna Pelegrini.

Os defensores tiveram acesso a só um dos módulos do presídio, mesmo com ordem judicial. Faltam seis para serem inspecionados.

Redação Bahia no Ar