O delegado Paulo Henrique de Castro pediu novas quebras de sigilo telefônico de pessoas próximas à mãe e ao padrasto de Joaquim

O delegado Paulo Henrique Martins de Castro, que chefia a investigação da morte do meninoJoaquim Ponte Marques, de 3 anos, em Ribeirão Preto (SP), disse nesta segunda-feira (25) que pedirá a quebra de sigilo telefônico de outras pessoas ligadas à família do garoto. Sem detalhar quem são os envolvidos, Castro explicou que os relatórios são importantes para esclarecer contradições no caso e ajudar a concluir o inquérito.

Até agora, o delegado teve acesso apenas a parte das ligações telefônicas recebidas e realizadas pela mãe do garoto, a psicóloga Natália Ponte, e pelo padrasto, o técnico em TI Guilherme Longo, e por outros dois familiares próximos ao casal, no dia do desaparecimento de Joaquim. Castro disse esperar que o documento final com todos os registros, que foi concedido pela Justiça no dia 12 de novembro, seja entregue à Polícia Civil ainda esta semana.

"São documentos importantes para comprovar quem ligou para quem, em que horário, quanto tempo [durou a ligação], qual momento e até colocar uma pessoa de fora na cena do crime. Até agora, não temos detalhes novos nesse sentido", disse Castro.

Ainda segundo o delegado, quatro pessoas ligadas à família do garoto devem prestar depoimentos pela primeira vez nesta segunda-feira, entre elas uma amiga de Natália e os dois policiais militares que foram os primeiros a chegar à casa da família, após a PM ser informada sobre sumiço do garoto, na manhã de 5 de novembro. O padrasto de Joaquim é quem teria ligado ao telefone 190, para comunicar o desaparecimento.

A mãe do menino, Natália Ponte, está presa na cadeia de Franca

Castro afirmou que os novos depoimentos também vão ajudar a polícia a esclarecer contradições nas declarações de Natália e Longo. O casal está preso há 15 dias, desde que o corpo de Joaquim foi encontrado boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP), na tarde de 10 de novembro. A Justiça acatou o pedido de prisão temporária dos dois por 30 dias.

Em depoimentos à polícia, Natália descreveu um perfil agressivo do marido, afirmando que ele sentia ciúmes dela e do enteado. A psicóloga contou também que já foi ameaçada de morte por Longo e que ele castigava Joaquim. Sobre a relação do casal, Natália disse que desde janeiro os dois começaram a se desentender e chegaram a ficar um mês separados.

Longo, por outro lado, nega as agressões e ameaças, e diz que não é uma pessoa ciumenta. O padrasto afirma que tinha um bom relacionamento com Joaquim e que era muito carinhoso com o menino. Segundo ele, o casamento começou a ter um desgaste em setembro deste ano, quando Natália descobriu que ele havia voltado a usar cocaína.

O padrasto de Joaquim, Guilherme Longo, participou da reconstituição do sumiço do menino

"Um bombeiro que efetuou buscas [no córrego próximo à casa da família] também será ouvido. O casal deve ser ouvido novamente no transcorrer da semana e outras provas nós conseguimos ainda na sexta-feira para juntar aos autos”, disse o delegado, sem adiantar quais provas obteve sobre o caso.

O delegado também aguarda que o resultado dos testes toxicológicos feitos nos órgãos e no sangue da criança seja entregue ainda esta semana. O exame foi solicitado porque o laudo inicial apontou que as únicas lesões encontradas na pele foram em decorrência dos dias em que o corpo foi arrastado pelo rio. Além disso, não foi encontrada água nos pulmões de Joaquim, o que indica que não houve morte por afogamento.

Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, foi encontrado morto no rio Pardo, em Barretos

O caso

Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, desapareceu de dentro de casa, em Ribeirão Preto (SP), na madrugada de 5 de novembro. O corpo foi encontrado cinco dias depois, boiando no Rio Pardo. Ele foi enterrado na segunda-feira (11), em São Joaquim da Barra (SP), cidade natal da mãe.

A mãe e o padrasto estão presos temporariamente, considerados suspeitos de envolvimento no sumiço e na morte da criança. Nesta segunda-feira (18), a Justiça também negou o pedido de revogação da prisão de Longo, que entrou com pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo.

A polícia suspeita que Joaquim, que era diabético, tenha recebido uma alta dosagem de insulina, e que teria o levado à morte.O promotor que acompanha o caso, Marcus Túlio Nicolino, afirmou que a polícia e o Ministério Público continuam trabalhando com ‘a linha de que o assassino estava dentro da casa’. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), porém, não é possível determinar a causa da morte da criança.

As informações são do G1.