Um quarto tipo de dengue surge e os novos Índices de Infestação Predial (IIP) mostram que todos os distritos sanitários da capital baiana apresentam alto risco de epidemia.

Mas, enquanto a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) diz intensificar o combate ao mosquito, resolveu dispensar soldados do Exército já treinados para colaborar nos mutirões.

Segundo o coronel Cláudio Canelas, responsável pela Comunicação do Exército, depois de solicitação do governo do estado, 105 soldados foram treinados para a atividade, mas apenas 25 deles foram a campo e somente por um dia.

“Pra gente houve o trabalho da preparação, na véspera dos dias de atividade, conforme combinado, mas a prefeitura disse que não precisava”, afirmou o coronel.

Há dois meses, a prefeitura anunciou que as Forças Armadas iriam ajudar no combate à doença.

Porém, depois de 25 homens atuarem no dia 5 de abril no bairro de Tancredo Neves, a mesma prefeitura decidiu dar um ‘meia-volta, volver’ na tropa e dispensar os outros 40 soldados que estavam programados para atuar no dia 26 de abril, na Mata Escura, e mais 40 preparados para colaborar no dia 17 de maio, em Sussuarana.

Segundo Eliaci Costa, coordenadora municipal do programa de combate à dengue, não havia previsão de participação dos soldados no bairro de Sussuarana.

“Em Mata Escura, eles foram dispensados devido a conflitos na região”, disse, sem dar mais detalhes.

Precariedade
Para piorar a situação, os Agentes de Combate a Endemias (ACE)   prometem entrar em greve amanhã.

Segundo eles, as condições de trabalho para realizar as cerca de mil visitas mensais a domicílios são péssimas.

“Não temos condições de continuar dessa forma.

Falta tudo”, afirma o coordenador do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e Combates às Endemias (Sindacs), Lázaro Figueredo.

“Ganhamos menos de um salário mínimo, sem direito a plano de saúde e trabalhamos em condições precárias”, disse.

Recebendo um salário-base de R$ 510, os agentes denunciam também irregularidades no trabalho em campo.

Eles afirmam que, enquanto faltam capas usadas na cobertura de tonéis e recipientes de água, 60 mil unidades do material foram doadas pelo estado ao município e permanecem estocadas em um galpão de Pirajá, devido à falta de estrutura para distribuí-las.

“O município tem 25 kombis com apenas 35 litros de gasolina para utilizar por semana para cobrir toda a cidade.

É  inviável”, afirma um agente.

A coordenadora Eliaci Costa afirmou que não faltam capas, e que elas estão sendo distribuídas com critérios bem definidos.

“Esse material é distribuído de acordo com as necessidades de cada bairro e seguindo uma lógica traçada pelos imóveis no bairro”, afirmou.

Segundo um agente, a grande dificuldade do trabalho está na falta de plano de ações mais eficazes.

“Essa metodologia de trabalho foi desenvolvida em 1960.

De lá pra cá, muita coisa mudou, principalmente o tamanho da população  e a violência.

A prefeitura culpa a população, mas não educa e nem cria mecanismos para punir os responsáveis pela proliferação dos focos”, diz um agente.

De acordo com Eliaci Costa, estão previstos de 10 a 12 mutirões de combate ao Aedes aegypti em junho, mas, com a greve dos agentes de saúde, 2.

200 ACEs devem cruzar os braços, sendo que deste total, 1.

600 estão direcionados às ações da dengue, o que vai diminuir a capacidade de trabalho no combate à doença.

“Se houver greve, vamos rever nossas estratégias.

Podemos trabalhar com os 200 agentes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e priorizar as áreas de risco”, diz.

* Fonte: CDB