O destino da médica Kátia Pereira, 45 anos, envolvida no acidente em Ondina que vitimou os irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes, será decidido ainda nesta quarta-feira (16). "A previsão é de que o laudo da perícia realizada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) fique pronto até o meio-dia", disse o promotor do Ministério Público da Bahia, Davi Galo, em entrevista ao Correio24horas. O resultado do exame será entregue inicialmente ao MP.

Se o laudo do DPT determinar que a oftalmologista ainda precisa de cuidados médicos, ela será levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde ficará custodiada. Caso fique comprovado que a médica já pode ter alta médica, ela será encaminhada para a 7ª Delegacia Territorial (DT/Rio Vermelho), que investiga o caso, para ser ouvido pela titular Jussara Souza.

"Se espera que ainda hoje, com o resultado, fique decidido o destino de Kátia: se ela vai ser internada no HGE, em custódia, se vai permanecer no Aliança, ou se será encaminhado ao presídio feminino", afirmou a delegada Jussara. "Sendo que antes de ser encaminhada para o presídio, ela terá de prestar interrogatório.

Isso só não vai acontecer se ela estiver sedada. E de qualquer forma, ela estando ou não em condições de ser ouvida, o inquérito do caso será encaminhado para o Ministério Pública nesta segunda-feira (21)", conclui.

Kátia é apontada pela polícia como a responsável pelo acidente que matou os irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes, 21 e 22 anos, na última sexta-feira. Os irmãos estavam em uma moto que sofreu um toque do carro de Kátia depois de uma discussão e perseguição da médica. A moto bateu em um poste no bairro de Ondina e os jovens morreram no local. Para a polícia, Kátia causou a batida de propósito.

"Se ela não for ouvida, será somente por algum problema de saúde. Mas vamos aguardar a alta médica para tomar algum posicionamento para a marcação da oitiva dela, e o encaminhando para o presídio feminino, onde ela deve permanecer", assegura a titular da 7ª DT. "O laudo saindo até o meio-dia, hoje mesmo fica decidido para onde ela vai ser encaminhada."

No entanto, Kátia ainda pode responder ao processo em liberdade. Ao ser questionada sobre a possibilidade disto, a delegada Jussara respondeu que tal coisa só irá acontecer caso o advogado de defesa da médica conseguir que um juiz conceda a revogação do pedido de prisão preventiva, concedido nesta terça-feira (15).

Os pais das vítimas devem ser ouvidos pela polícia na quinta-feira (17). A oftalmologista está internada no Hospital Aliança desde o dia do acidente. A decisão de ser levada para um hospital particular foi questionada pelo promotor Davi Gallo, do Ministério Público. “Ela passou por cima da lei”, diz, acreditando que ela deveria ter sido encaminhada para uma instituição pública de saúde.

“Não entendemos por que ela foi para o (Hospital) Aliança. No hospital público, ela teria todo o aparato de primeiros socorros. Além disso, ela está presa e deveria prestar declarações ao policial que estivesse no local, ao chegar. Num hospital público, ela também teria um lugar para ficar isolada”, explicou o promotor.

Protesto

Na tarde desta terça, familiares e amigos dos irmãos fizeram um protesto em frente ao Fórum Criminal, em Sussuarana. Marinúbia Gomes, mãe dos dois, compareceu, mas saiu antes do fim, muito emocionada. Ela agradeceu a todos o apoio que tem recebido. "A nossa luta, a luta da Justiça e da população, é contra a impunidade", afirmou. "Emanuel era um doce. Emanuel me beijava todo dia (…) Meu filho não era violento. Emanuelle já era outra personalidade, madura, independente, responsável", contou.

Os motociclistas voltaram a apoiar a manifestação, pedindo mais segurança e respeito no trânsito e pedindo a prisão da médica. "Não vamos permitir que esse estado de violência contra os motociclistas continue", disse um dos participantes.

No local, os manifestantes cantaram "parabéns" para Emanuel, que completaria 22 anos nesta terça. Emocionada com o aniversário do filho, Marinubia deixou uma mensagem na página do Facebook do filho. "Meu amor, Meu filho, essas flores são pra vc filho! Feliz aniversário! Hoje vc completa 22 anos e eu sempre te amarei!", disse na rede social.

O Ministério Público tem intenção de denunciar Kátia Pereira por homicídio triplamente qualificado. Caso seja condenada pelo crime, a médica pode pegar de dez a trinta anos de prisão por cada crime, chegando ao total de uma pena de 24 a 60 anos de prisão.

*Correio.