A primeira reação de Adrilles ao saber pelos repórteres que o aguardavam no Projac, na Zona Oeste do Rio, no fim da noite de terça (31), logo após sua eliminação, que Fernando não era seu amigo e sim o grande vilão do reality, foi de indignação. Mas não de arrependimento.

“Sempre tive desconfiança da ambiguidade sentimental do Fernando. Mas a minha afinidade maior era mais a Amanda, que se envolveu com um cara que queria me tirar do jogo. Eu pensei foi nela, e não nele. Não posso me perder em uma desconfiança plena de algo que não pude ver”, disse.

Adrilles fez questão de lembrar que foi Marcos, o primeiro eliminado, o seu grande amigo no jogo.

“Prefiro pecar por uma certa ingenuidade, não posso pecar pelo que não vi. O cara não era meu melhor amigo lá, mas ficou ao meu lado. O Marcos foi o meu amigo, com quem mais me identifiquei. A menina (Amanda) ficou na entrega do amor louco e me identifiquei com isso”, destacou.

Para o poeta, ter feito ou não a leitura correta do jogo – ou o que julgam ser o certo – não assegura a vitória.

“Não existe uma rota precisa pra ganhar dentro de um jogo de convivência, onde você constrói elos concretos e absolutos, um jogo que poderia afetar o público, tentei fazer um jogo de entrega e perdão, sou utópico, se fui enganado, sinto muito. Estender a mão a quem erra, ser generoso com quem quer eliminar, é um anti-jogo. Você pode ser generoso sim”, explicou.

A paixão avassaladora por Tamires, contudo, foi algo que lhe tirou do eixo.

“Tamires foi uma paixão utópica, não perco a dimensão de que a realidade dos fatos é concreta. Estou fora do escopo estético dela. Fiquei triste quando ela me proibiu de me expressar sentimentalmente, ela tem toda liberdade, não era culpa dela se eu sofresse por ela. Eu me restrinjo a esse direto, da censura afetiva e isso me irritou”.

Desde a eliminação de Mariza, com quem ele mais conversava e trocava confidências, Adrilles “deu uma pirada”, como ele mesmo classificou. Mas – novamente ela! – a possibilidade de ver Tamires em outros braços, quase o enlouqueceu.

“Quando a Mariza saiu, fiquei arrasado. A amizade com a Mariza foi uma relação madura. A liberdade amorosa não permite escolher quem a gente ama. Você pode partilhar, se doar de maneira mais calma e tranquilo. A saída do Marcos e da Mariza foram muito ruins, a da Tamires pesou demais pra mim. Mas o que me pirou foi possibilidade da Tamires ficar com o Cézar, isso me deixou desesperado, mais do que qualquer eliminação".

Certo da vitória de Cézar, o poeta disse que sentiu muita falta da liberdade.

“A liberdade e contato humano. Preciso de gente, a possibilidade de descanso, de me retirar quando quisesse. Mas estava ali e superei. Agora saí… Lógico que o Cézar vai ganhar. Realmente não torcia pelo Fernando. A minha torcida seria pra Amanda, mas o Cézar tem uma belíssima história. Gosto dele, fez uma acusação leviana sobre mim, mas ele é divertido, estreonico, merece. A história dele é sintomática, aquela coisa mítica da televisão de ter um povo sofrido. Ele é um personagem de si mesmo. A maneira dele se expressar, como se fosse um político dos anos 40, é de maneira tão caricata que é demagógica. Isso não afetou o caráter dele”.

Sua carência afetiva – ressaltada a todo momento – também foi justificada. E ele fez questão de esclarecer sua sexualidade.

“Eu sou esquisito. Sei que não sou gay. Fui criado por vó e tias, sempre fui mimado, filhinho da mamãe que se tornou um escritor de primeira grandeza. A minha voz é fina, sofro pelas mulheres, talvez se eu fosse gay seria mais feliz, tenho que aprender com os homossexuais a encontrar nas pessoas erradas as coisas certas”.

Ter sobressaído pela cultura, foi outro item que Adrilles afirmou que foi consciente.

“Entrei sabendo que esse víeis mais erudito e sofisticado ajudaria as pessoas a terem mais noção do que é a arte, fazer uma auto-cultura pop. Essa simbiose, a busca do popular e do erudito é uma meta que tenho na vida. Eu comecei a ver o BBB porque minha mãe é aficcionada pelo programa. Ao contrário desta crítica que condena, o reality é paulatinamente como a pessoa se revela, no afã de ganhar. Não gosta, vai ler Proust! É um programa fantástico!”, defendeu ele, fazendo apenas uma ressalva. “Uma crítica é não ter nenhuma mulher plus size no programa, absurdo”, disse às gargalhadas.

Sem perspectivas imediatas, Adrilles só sabe que a poesia sempre será sua meta.

“Estou desempregado, estava descaradamente vivendo na aba da minha mãe. O Bial une sofisticação verbal e cultural, puxava saco dele, mas absolutamente sincero. Se ele tiver uma brecha, vou adorar trabalhar com ele, amamos as palavras e ele é o melhor apresentador do Brasil. Tenho várias ideias!”, completou.

As informações são de O Fuxico