O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, contou em depoimento à Justiça Federal os detalhes sobre o esquema de desvio que beneficiou os partidos PP, PT e PMDB. Em áudios obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo e divulgados nesta quinta-feira, 09, Costa afirma que 3% do valor de contratos da empresa estatal iam para o PT.

“Todos sabiam que tinha um porcentual dos contratos da área de abastecimento. Dos 3%, 2% eram para atender ao PT, através da diretoria de Serviços”, disse Costa. “Outras diretorias, como gás e energia e produção, também eram PT”, continuou.

“Então, tinha PT na diretoria de produção, gás e energia, e na área de serviços. O comentário que pautava a companhia nesses casos era que 3% iam diretamente para o PT. Não tinham participação do PP, porque eram diretorias indicadas”, completou.

Costa afirmou ainda que, quando assumiu o cargo de diretor de Abastecimento, o então presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, tinha conhecimento sobre as escolhas políticas feitas para os cargos de diretor – assim como o presidente seguinte, José Sergio Gabrielli.

De acordo com Costa, o deputado Janene conduziu o esquema até 2008, quando adoeceu – ele morreu em 2010. A partir de 2008, Youssef passou a ser o responsável.

Questionado se recebia parte desses valores da lavagem, Costa admitiu: “sim, em valores médios o que acontecia. Do 1% para o PP, em média 60% ia para o partido, 20% para despesas, às vezes de emissão de nota fiscal e para envio, e 20% restantes eram repassados assim, 70% para mim e 30% para o Janene ou Alberto Youssef”.

“Eu recebia em espécie, normalmente na minha casa, ou no shopping ou no escritório, depois que abri a minha companhia de consultoria”, declarou ele, ao afirmar que a entrega do dinheiro era feita por Janene ou Youssef.

Em relação ao dinheiro repassado para o PMDB, Costa afirmou que a ligação era com a diretoria Internacional – que tinha seu responsável indicado pelo partido. “Então, tinha indicação do PMDB, então tinha também recursos que eram repassados para o PMDB na diretoria Internacional”, disse. “O PMDB era da diretoria Internacional, o nome que fazia essa articulação toda era Fernando Soares (o Fernando Baiano)”, detalhou.

Indagado sobre quem fazia a distribuição do dinheiro em cada agremiação política, Costa afirmou que, no PT, a ligação direta era com o tesoureiro do partido, João Vaccari. “Dentro do PT (o contato) do diretor de serviços era com o tesoureiro do PT, sr. João Vaccari, a ligação era diretamente com ele”.

Postado por Maíra Lima com informações da Agência Brasil