Ao tomar conhecimento do post "Os fantasmas do Fazendão e outras histórias", o ex-presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, entrou em contato com o blog para esclarecer os fatos relatados na publicação da última quarta-feira. O ex-dirigente diz que o assunto lhe irrita, e que quer ser acusado com provas pois, de acordo com ele, a atual diretoria do clube "coloca a auditoria toda hora à tona como uma atitude para encobrir sua incompetência".

Sobre o pagamento à intermediários para as contratações de Angulo e Potita, Marcelo Guimarães Filho, apesar de concordar que os jogadores, no final das contas, não foram boas contratações, rechaça qualquer tipo de irregularidade. "Teve sim valor por intermediação e houve pagamento. Desafio eles [atual diretoria] a provarem algo irregular. Contrataram 19 e só quatro jogam. O resto está no chinelinho", disse, por telefone. Com relação aos recibos sem assinatura, MGF se justificou. "Erros administrativos ocorrem em qualquer empresa. Uma empresa que fatura 70 milhões de reais está passiva a erros. Porém, uma coisa é dizer que o procedimento é tecnicamente incorreto, outra coisa é insinuar que tem roubo".

Questionado pelo blog sobre a existência de pagamentos de salários à Ruy Accioly, ex-presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Guimarães Filho afirmou que os vencimentos eram legais. "Ruy Accioly é desde o tempo do [banco] Oportunity. Não fui eu quem contratei. Depois disso, ele virou presidente do Conselho. Ele era contratado como superintendente da sede de praia, um bem que deva prejuízo e fizemos um acordo excelente para o Bahia. Não há ilegalidade no pagamento", defendeu-se.

Mas… se ele foi contratado pelo Oportunity para ser superintendente da sede de praia, qual o motivo para ele não ter sido desligado após o distrato com o banco e a venda da sede de praia para a prefeitura? Como um presidente de Conselho acumula uma função executiva dentro do clube? "Taí o equívoco repetido por vocês todos. Isso não existe em nenhum lugar do estatuto. É só pegar o estatuto e ler. Você pode até considerar que não seria algo correto ele ser presidente do Conselho e funcionário do clube, mas não nem nada de ilegal. Isso se tornou um mantra repetido por vocês. Ele não foi desligado porque, após o acordo da sede de praia, essa função dele precisava ser realocada em outra área, assim como outros funcionários. Por isso até ele está buscando seus direitos que a lei lhe protege", respondeu MGF.

Já com relação às obras "fantasmas" no Fazendão, citadas no último post, Marcelo Guimarães Filho discorda. "Você, que frequenta o Fazendão, viu que muita coisa foi feita. Aquele canal fedorento que tinha por lá foi tapado, o campo principal reformado, salas de fisiologia, academia, de imprensa… o que tem de nota lá, os serviços foram executados. Não existe nota fria. A tecnicalidade pode ser discutida, foi diferente, mas não há nenhum crime", disparou o ex-dirigente, que também criticou as declarações de Claus Dieter, gerente operacional do centro de treinamentos, que afirmou que nenhuma obra foi feita no local entre o final de 2012 e junho de 2013.

"Me surpreendi com Claus. Ele era a pessoa que tomava conta das coisas do Fazendão, apesar de nunca ter sentado numa reunião conosco. Ele me dizer que não teve obras, com o perdão da palavra, foi uma atitude descarada. Claus era um funcionário que apenas acompanhava o serviço dos trabalhadores. Ele fez um acordo para ficar no clube. Ele escolheu o lado dele. Vamos ver se ele será demitido", vociferou o ex-presidente do Bahia.

Resignado, Marcelo Guimarães Filho se diz desgastado com todos os problemas judiciais. "Se a Justiça decidir hoje, eu não quero voltar ao Bahia. Queria voltar até dezembro para completar meu mandato. Mas agora já estamos em fevereiro… aí não dá mais. Não vivo do Bahia. Nunca vivi. Vamos até as últimas instâncias, pois quero que a diretoria prove tudo o que está dizendo. Eu quero ser acusado com provas", finalizou.

Nota do blogueiro: o artigo 17 do antigo estatuto do Bahia continha o seguinte texto: "Os Conselheiros que porventura forem escolhidos para exercer cargos da Diretoria Executiva ficarão licenciados do Conselho Deliberativo, enquanto perdurar a investidura (..)". Portanto, na visão do blog, o documento dá margem para a conclusão de que, além de ser imoral, a remuneração de Ruy Accioly era ilegal, independente de ter sido designado pelo Oportunity. Como remunerado, então, não deveria ter sido presidente do Conselho, argumento que foi discutido entre o blogueiro e o ex-presidente do Bahia.

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