A adolescência é, naturalmente, um período de dúvidas, incertezas e descobertas. Uma gravidez indesejada ou doença sexualmente transmissível nem passam pela cabeça de grande parte dos jovens – mas é fundamental alertá-los para estas situações, que podem, sim, acontecer com qualquer um. “Afinal, um futuro promissor inclui não se arriscar a ter um filho sem planejamento”, diz o médico obstetra Fernando Carlos Carvalho.

Segundo os últimos dados da Secretaria de Saúde do Estado(Sesab), 40.350 adolescentes com idades entre 10 e 19 anos teve, em 2012, o primeiro filho, uma redução se comparado ao ano de 2011, quando 46.611 adolescentes deram à luz. Os dados se referem apenas a crianças nascidas vivas. Em 2006 a gravidez na adolescência entre 10 e 19 anos na Bahia era de 53.505, o que corresponde a 24,3%. Em 2012 esse número caiu para 40.350, o que corresponde a 21,5%. Segundo a Sesab, embora tenha diminuído, o percentual continua alto.

A diminuição no número de partos é decorrente do projeto de assistência e atenção à saúde da adolescente, realizado pela Sesab em parceria com o Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde (OPA), implantado em 2009 e intensificado a partir de 2010 nas maternidades públicas de Salvador. Com a implantação do programa, as adolescentes passaram a ter maior acesso a ações específicas como o planejamento reprodutivo, que tem como principal objetivo de orientá-las a evitar uma gravidez indesejada, além de prevenir uma segunda gestação.

Mito sobre a menstruação das meninas

O médico obstetra, Fernando Carvalho, alerta para os riscos de uma gravidez na adolescência, período em que há maior incidência de gestações de alto risco e de má formação fetal. “O organismo da adolescente nesta faixa etária ainda não está preparado para uma gestação, embora ela já possa engravidar. Há um mito de que com a menstruação ela está pronta, o que não é verdade”, enfatizou.

Nestes casos, é comum o bebê nascer prematuro e com baixo peso. Além disso, é maior a incidência de hipertensão, partos prematuros e diabetes gestacional. Entre adolescentes, o risco imposto à criança é três vezes maior do que numa gestação de mulheres com o sistema reprodutor bem formado.

Aos 19 anos, Aline Araújo segue os cuidados para uma gravidez de risco que, apesar de bem aceita na família, foi mal planejada. “Parei de usar um método contraceptivo para iniciar outro, mas fiquei um mês sem me prevenir e acabei engravidando”, lembra.

A orientação médica é de que, iniciada a vida sexual, a jovem indique qual o método contraceptivo mais adequado para sua idade. Os preservativos descartáveis, segundo especialistas, continuam sendo a forma mais eficaz de evitar filhos nesta idade e prevenir-se contra doenças sexualmente transmissíveis. No Brasil, os casos de gravidez entre meninas de 15 e 19 anos vêm diminuindo, mas continua alto. Em 2003 foram mais de 580 mil jovens grávidas.

As informações são do tribunadabahia/bahianoar