Preso desde 2010, acusado por participar da morte da mãe de seu filho, o ex-goleiro Bruno, 29, abate um dia de pena a cada três trabalhados na penitenciária de segurança máxima de Contagem, na zona metropolitana de Belo Horizonte.

“Qualquer trabalho eu encaro. Já costurei bola aqui dentro (…) Também já fiz diversos tipos de artesanato, trabalhei na lavanderia, na fábrica de blocos de concreto (…) Eu estava capinando. Tudo que puder fazer para remir minha pena, vou fazer, para abreviar meus dias neste lugar”, disse em entrevista à edição de abril da revista “Placar”.

Condenado a 22 anos e três meses de prisão, o ex-atleta de Flamengo, Corinthians e Atlético-MG recebe cerca de R$ 500 por mês. No auge, tinha salário superior a R$ 150 mil. Ele tenta liberação judicial para jogar pelo Montes Claros, da segunda divisão mineira. Também cumprem pena Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, e Luiz Henrique Ferreira Romão, apelidado de Macarrão, condenados respectivamente a 22 e 15 anos pela morte de Eliza Samúdio.

“Não mandei matar a Eliza. No inquérito, não há nenhuma prova, nenhuma escuta que prove que eu mandei matar a menina. Não tinha por que mandar matar a minha garota. Fui omisso e a corda arrebentou para o meu lado”, afirmou Bruno.

Ele contou que vê Macarrão com frequência. “A gente se encontra direto aqui. O pavilhão de trabalho dele é ao lado do meu. Não conversamos um com o outro. Mas eu o perdoo, do fundo do meu coração, por tudo o que aconteceu. Só que a amizade nunca mais será a mesma”, disse o ex-goleiro. O antigo amigo, porém, continua com a famosa tatuagem nas costas: “Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro”.

Bruno revelou também ter vetado a ida de Adriano à penitenciária para poupar o ex-colega. “Quis vir me visitar. Mas mandei recado para ele não vir. As pessoas poderiam distorcer a situação. Já me visitaram o Rodrigo Calaça, bom goleiro, o Gladstone, com quem joguei no Cruzeiro, e o Irineu, que jogou comigo no Flamengo. Trouxeram só palavras de incentivo”, relatou à revista. Ele avaliou que pode recuperar a forma física em três ou quatro meses para ser atleta novamente. Nos jogos entre presidiários, prefere atuar como atacante. O ex-capitão flamenguista contou que falhou na tentativa de se enforcar na cela. “Achava que minha vida tinha acabado, não tinha Deus na minha vida. Meu coração estava cheio de ódio e revolta. Aí resolvi dar fim à minha vida. Não queria ser um peso para minha mãe nem para ninguém. Tentei o suicídio”, disse. Ele garantiu que tentará uma aproximação com Bruninho, 4.“Nossa convivência de pai e filho foi muito pouca. Voltando a jogar ou não, tenho certeza de que serei um pai de verdade para ele, assim como sou para minhas filhas. Vou ser um pai presente. Vou conquistar o amor dele. Mesmo longe, minhas filhas são apaixonadas por mim.” *Folha Press