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Indignação. Essa é a palavra que resume o sentimento da família da jovem Kamila dos Santos Francisco, 19 anos, morta na última quarta-feira (9), após cair do ônibus da empresa Expresso Metropolitano (placa NZG 6809), que fazia a linha Simões Filho-Terminal da França. Segundo o tio de Kamila, César Augusto Ferreira, a imprudência habitual com que dirigem os motoristas de ônibus teria causado a morte da jovem: "Esse motorista nem tinha visto que ela caiu. Só parou, porque os passageiros gritaram”, disparou.

O motorista ao qual se refere o tia de Kamila é Benigno Cerqueira dos Santos, que, após o acidente, precisou ser socorrido à enfermaria da Expresso Metropolitano, em estado de choque, sendo encaminhado, em seguida, à 22ª Delegacia (Simões Filho), para prestar depoimento à delegada plantonista, Iraildes Rodrigues da Silva.

“Os advogados da empresa se aproximaram de nós, na delegacia, e justificaram, dizendo que o motorista tentou fechar a porta, mas o dispositivo emperrou. Nós sabemos que não foi nada disso. Aqui, em Simões Filho, esses ônibus andam de porta aberta o tempo todo”, desabafou o pai de Kamila, Edvaldo Francisco Neto.

Entenda o caso

Habituada, diariamente, a acordar às 4h30, para viajar a Salvador, onde fazia o curso de formação em dança, na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), Kamila Santos Francisco se desequilibrou da escada do ônibus da empresa Expresso Metropolitano (placa NZG 6809), na manhã de ontem (9). Segundo testemunhas, o veículo estava lotado e viajava com a porta traseira aberta. Cerca de 300 metros adiante, após o coletivo passar pela esquina entre as ruas Ruy Barbosa e Válter Polentino Alves, numa curva, a jovem teria perdido o equilíbrio, caindo do ônibus, batendo a cabeça no asfalto e morrendo no local.

Segundo a delegada titular da 22ª Delegacia, Ana Lúcia Gonçalves, o motorista, apesar de não possuir registros anteriores por má conduta no trânsito e estar com a documentação em dia, será autuado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Caso, entretanto, fique provado, nas investigações, que o condutor tenha sido imprudente, ele poderá responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar.

A Expresso Metropolitano, em nota, lamentou o ocorrido e disse que já está investigando as causas do acidente, colocando-se à disposição da família.

Sonho

Dividida entre o estágio e os ensaios de dança, Kamila, filha única, há um ano e meio participava do Curso de Educação Profissional Técnico de Nível Médio em Dança. “Era o sonho dela. Kamila sempre gostou de dançar, era uma menina alegre, liderava o grupo de dança da igreja e já estava dando aula para crianças em uma escolinha”, lamentou a tia da vítima, Neuza Brito.

“Minha irmã está sem condições de falar, ela está muito confusa com o que aconteceu”, relatou a tia da jovem, referindo-se à mãe de Kamila, Maria Nilza, que teve que ser levada ao Hospital Municipal Eduardo Alencar, em estado de choque, para ser medicada.

“Sou separado há dez anos. Há 15 dias, ela foi lá, em casa, e me contou dos planos de abrir uma escola de dança. Eu ainda brinquei, ‘eu ajudo, masm quando ganhar dinheirom vai ter que me pagar’. Mas não deu tempo”, lamentou o pai da vítima.

Caso Anderson Bezerra

Outro caso parecido aconteceu em março, de 2010, com o estudante Anderson Jacinto Bezerra, 23 anos. Logo após pegar o ônibus da empresa BTU (linha Vale dos Rios/Stiep R3), o rapaz caiu, bateu a cabeça no chão e morreu. Na hora do acidente, o ônibus passava pela esquina da rua Arnaldo Lopes da Silva com a avenida Professor Manoel Ribeiro, no Stiep, perto da FIB, faculdade onde Anderson estudava. Segundo testemunhas, a porta do veículo também estava aberta. Na época, o motorista do coletivo foi afastado e a empresa, multada.