Na manhã desta quarta – feira (26), Cleiton Nascimento estava a caminho do trabalho quando viu um corpo no chão, cercado de curiosos que passavam pelo local. O que ele não imaginava é que se tratava de Elivaldo Angelino Ribeiro, seu pai, que tinha apenas 44 anos.

Pai e filho trabalhavam juntos em uma construção na Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Todos os dias os dois iam juntos para o trabalho, mas neste dia foram separados, já que Cleiton acordou um pouco mais tarde.

Ao atravessar a rua, Elivaldo foi atingido na testa por uma bala perdida e morreu na hora. Sem saber de nada, Cleiton chegou ao trabalho e perguntou pelo pai, mas foi informado de que ele não estava lá. "Sempre vínhamos juntos. Meu pai era um cara trabalhador, estava de pé todo dia às 5h. Hoje, eu acordei mais tarde e não estava com ele. Passei pelo corpo, cheguei a ver os pés dele, mas não sabia que era o meu pai", disse Cleiton, emocionado.

Sem saber de nada, ele foi dispensado pelo responsável pela obra, que disse para ele voltar imediatamente para casa, pois havia acontecido alguma coisa com o pai. Assustado, ele voltou e, ao acessar a internet, descobriu que o homem morto que viu a caminho do trabalho era seu pai. "Eu cheguei lá na obra e nada dele chegar. Estranhei porque eu sai de casa depois e ninguém queria falar comigo. A gente pegava todo dia esse trânsito junto. Dói muito perder um pai assim", desabafou.

Elivaldo era divorciado e morava sozinho em Santíssimo, na Zona Oeste do Rio, mesmo bairro onde o filho mora com a mãe. O pedreiro assassinado deixa ainda um outro filho que mora em São Paulo e irá ao Rio para acompanhar o enterro.

Na porta do Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, Cleiton disse que a família está em choque. Segundo ele, o pai morreu após um policial reagir a um assalto. "Está todo mundo chorando a morte do meu pai. Ele morreu por causa de uma moto, por causa de uma moto. A reação do policial tirou a vida do meu pai. Não sei de quem veio a bala", disse desnorteado.