O estudante Marcelo Pesseghini, de 13 anos, único investigado pela Polícia Civil como suspeito de matar a família e se suicidar em seguida, levou aproximadamente dez minutos para executar seus pais, policiais militares, sua tia-avó e sua avó materna na madrugada do dia 5 de agosto, na Zona Norte de São Paulo. A informação é de Arles Gonçalves Júnior, presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), que acompanha as investigações do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) sobre o caso Pesseghini. Na manhã desta segunda-feira (26), um policial militar era ouvido pelo DHPP. Dois colegas de Marcelo, filmados ao lado dele, deverão depor na quarta-feira (28).

Gonçalves Júnior falou com a equipe de reportagem do G1 sobre os depoimentos de 41 testemunhas dados à polícia e da reconstituição acústica feita pelos peritos da Polícia Técnico-Científica, no dia 19, nas residências onde ocorreram os crimes, na Brasilândia. Os laudos, no entanto, ainda não foram concluídos. Outras autoridades que participam da apuração confirmaram ao G1 que o assassino da família Pesseghini teria demorado cerca de dez minutos para efetuar as quatro mortes.

“Estive na casa com a perícia do Instituto de Criminalística durante a reprodução simulada dos tiros. Pelo que conversamos e pude verificar, o assassino matou a família em cerca de dez minutos”, disse o representante da OAB. “As testemunhas disseram que os primeiros disparos foram ouvidos por volta de 0h20 do dia 5 e os últimos, perto da 0h30. Esses dados técnicos deverão constar nos laudos que serão entregues à investigação para conclusão do inquérito”.

De acordo com Gonçalves Júnior, a reconstituição acústica serviu para os peritos demonstrarem que os vizinhos conseguiriam escutar os disparos, confundidos com escapamentos de motos ou carros, a uma distância de até aproximadamente 50 metros das duas casas onde ocorreram os crimes.

Crime
A chacina e o suposto suicídio do assassino aconteceram nas residências onde a família Pesseghini vivia na Brasilândia, Zona Norte da capital paulista. Num dos imóveis foram encontrados os corpos do sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, da cabo Andreia Regina Bovo Pesseghini, de 36, e de Marcelo Pesseghini, 13. No outro, foram achados os cadáveres de Bernadete Oliveira da Silva, 55, tia-avó de Marcelo, e da avó materna Benedita de Oliveira Bovo, 67 anos.

“O intervalo entre os dois primeiros tiros, que mataram o pai e a mãe, seria de algo em torno de seis minutos. Depois, o menino se deslocou até a outra residência e matou a tia-avó e a avó. Essa seria a sequência: pai, mãe, tia-avó e avó”, disse Arles Gonçalves Júnior.

A arma usada foi uma pistola .40 da mãe. “Os tiros foram dados praticamente encostados, à queima-roupa. Pelas fotos que vi, a uma distância de dez centímetros, característica de execução mesmo”, disse Arles Gonçalves Júnior.

O advogado afirmou ainda que a perícia deverá apontar que após a chacina, Marcelo saiu com o carro da mãe. “Por volta da 0h40 ele pega o veículo e o estaciona numa rua em frente à escola onde estudava [Colégio Stella Rodrigues], a cerca de 5 km de onde morava”, falou. "Ele contou aos amigos que matou a família, voltou para casa no mesmo dia e se matou".*G1