A economia baiana gerou 22 mil novos empregos com carteira assinada em 2014. É o pior resultado da série histórica, que começou há 12 anos. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.

O estado segue o resultado nacional do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No Brasil foram gerados 397 mil novos postos. Já a Região Metropolitana de Salvador registrou aumento de 4.576 empregos formais em 2014.

Para o coordenador de Pesquisas Sociais da SEI (Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia), Roberto Pereira, a criação de novos empregos é consequência do baixo crescimento da economia. "A economia no Brasil em 2014 deve crescer menos do que o registrado nos outros anos, o que faz a geração de novos postos de trabalho ser também menor", diz Pereira.

Embora menor do que nos anos anteriores, o número de novos postos na Bahia é maior do que e outros estados do Nordeste, como Pernambuco, que perdeu 13 mil vagas. Na região, a Bahia ficou atrás apenas do Ceará, responsável por 47,3 mil novas vagas com carteira assinada.

Setores

O crescimento foi resultado das 24 mil vagas criadas no setor de serviços e das quase 9 mil do setor do comércio. Apesar dos números, o presidente da Fecomércio-BA (Federação do Comércio da Bahia), Carlos de Souza Andrade, acredita que o desempenho do setor poderia ser bem melhor.

"As incertezas sobre as politicas econômicas para os próximos anos, a alta carga tributária e a concorrência internacional reduzem a confiança do empresário para realizar novos investimentos e ampliar seus negócios", afirma Andrade.

Os resultados do Caged confirmam a crise no setor da construção civil – que perdeu 7,6 mil postos de trabalho em um ano. A tendência de queda, segundo o presidente do Sinduscon, Carlos Henrique Passos, continuará em janeiro. Demissões por conta de atrasos de pagamento no programa Minha Casa, Minha Vida e do PAC, fim de obras públicas e privadas, demissões no Estaleiro Enseada do Paraguaçu, além da retração econômica são apontadas como razões por representantes do setor.

Também em queda, a indústria de transformação baiana foi o segundo setor que mais perdeu postos. Foram 1,9 mil a menos. "Os dados de desemprego na indústria são um sinal de que as empresas chegaram a um certo limite. Se não melhorar daqui para a frente, é provável que ocorram novas demissões", afirma o gerente de estudos técnicos da Fieb (Federação das Indústrias da Bahia), Ricardo Kawabe.*Estadão Conteúdo.