A limpeza das ruas e avenidas durante os dias de Carnaval em Salvador é de responsabilidade da Limpurb, que recolheu mais de uma tonelada de lixo após a folia deste ano, mas e as latas cervejas, abadás e até pacotes de camisinhas que são jogados no mar, quem deve se responsabilizar?

A difícil missão, de acordo com a assessoria de comunicação do órgão municipal, não é de responsabilidade da prefeitura. Na falta de quem cuide desse aspecto do ambiente marinho, o grupo do Projeto Fundo da Folia, formado por surfistas e "admiradores" do mar, resolveu não esperar e, há quatro anos, faz limpeza da praia da Barra antes, depois do Carnaval e durante todo o ano.

Segundo Eduardo Escariz, 28 anos, produtor audiovisual e gestor de comunicação do grupo, eles acharam de tudo durante a varredura, que reuniu dez pessoas e durou cinco horas (das 6h30 às 11h30). A ação aconteceu nesta quinta-feira (6), na região do Forte de Santa Maria, na praia do Porto da Barra: "Quanto mais fundo íamos, mais achávamos sujeira. Encontramos de tudo: calcinha, óculos, pneus, garfo, colher, pacotes de camisinha, abadás, brindes de carnaval, tabelas de cerveja, roupas, calota de carro, sapatos, entre outros", disse.

Eduardo mora em São Paulo, mas todo ano vem à capital para se juntar aos amigos e realizar o projeto. Ainda segundo o gestor, 2014 foi o ano em que eles mais acharam sujeira no mar desde que o projeto foi idealizado pelo amigo Bernardo Mussi. Além dos itens citados acima, o grupo recolheu 1,5 mil latas de cerveja e 350 garrafas pet, que foram recolhidas por um catador de latinha que estava no local após a retirada do fundo do mar.

O projeto Fundo da Folia foi criado em 2010 por seis amigos que resolveram se juntar para catar as latas que recheavam o fundo da praia do Farol da Barra, se estendendo até o Porto. Eduardo conta que o grupo não recebe nenhum patrocínio e que qualquer pessoa pode participar da ação: "não recebemos nenhum apoio, seja de órgão público ou privado, mas achamos melhor fazemos o projeto pelo amor que temos ao mar e o patrocínio, talvez, nos deixe na obrigação de fazermos o trabalho. E qualquer pessoa, desde que tenha intimidade com o mar, pode se juntar ao grupo", concluiu.

De acordo com Eduardo, a única necessidade que o grupo sente falta é a da responsabilidade pública para limpeza regular do mar: "Não existe regra, fiscalização, nem punição para quem suja o mar. Trabalhei em um camarote neste Carnaval e na saída passava pelo Farol e a sujeira era visível. Alguma hora tudo aquilo que estava na areia iria para o mar e nenhum órgão está capacitado para fiscalizar as pessoas que agridem o oceano dessa maneira" completou.

Apesar de não ser responsabilidade da Limpurb, em 2012, um mutirão foi realizado pela equipe do órgão, onde foi retirado quase meia tonelada de lixo do mar. As fotos da galeria abaixo são de Eduardo Escariz, Gabriel Mussi, Bernardo Mussi, e Luiz Campos, que também fazem parte do grupo.

*IBahia