O número de infrações cometidas por motoristas de ônibus e contabilizadas pela Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador) na capital baiana teve um aumento de cerca de 431% em comparação com o ano de 2012.

Do início de janeiro até a última segunda-feira, 12.281 infrações foram contabilizadas, contra 2.851 no mesmo período do ano passado (entre 1º de janeiro e 9 de dezembro). Em todo o ano de 2012, a Transalvador registrou 2.878 notificações a condutores de coletivos na capital baiana.

A infração mais comum é o avanço de sinal – considerada gravíssima -, que registrou 8.175 notificações em 2013. Excesso de velocidade vem logo depois, com 2.929 ocorrências, seguido por parar sobre faixa de pedestre durante mudança de sinal (577).

O presidente do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Hélio Ferreira, considera o aumento exorbitante. "É muito difícil encontrar um motorista que não tenha multas. Alguns nem estão recebendo um terço do salário", diz.

Ele afirma que, na maioria das vezes, a culpa não é dos motoristas. "Eles veem o sinal aberto e param na faixa porque o ponto fica próximo. O veículo, principalmente nos horários de pico, demora no ponto, o sinal fecha e ele leva multa", explica.

O diretor de trânsito da Transalvador, Marcelo Corrêa, afirma que as notificações foram registradas pelos 560 agentes de fiscalização de trânsito do órgão e fotossensores instalados na cidade.

Para Corrêa, uma das possíveis explicações para o aumento no número de notificações a motoristas infratores é que no ano passado não havia fotossensores instalados na capital baiana.

"Em 2013, a nova gestão da Transalvador implantou 80 fotossensores na cidade, resultando, possivelmente, nessa expansão no número de infrações registradas", diz.

Condições

Ferreira diz que as infrações têm relação com as condições de trabalho e a falta de estrutura na cidade. "O patrão quer que o motorista cumpra o horário, mas com os congestionamentos é impossível. E a Transalvador está mais preocupada com as multas do que com a segurança", reclamou.

Marcelo Corrêa rebate que "os motoristas profissionais devem ser os primeiros a se sentirem estimulados a fazer valer as normas de segurança previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB)".

Problemas

A principal reivindicação dos rodoviários para reduzir as infrações é a instalação de temporizadores – contadores regressivos – nos semáforos.

Entre os locais que consideram "problemático" está a rua Silveira Martins, no Cabula. Em uma rápida passagem pelo local, é possível observar diversos casos de infrações cometidas por motoristas de ônibus.

Alta velocidade, desrespeito aos sinais do semáforo e negligência com passageiros deficientes e idosos. Estas são algumas das práticas relatadas por transeuntes e moradores da região.

"Vejo casos de alta velocidade todos os dias, principalmente à noite. Os motoristas só faltam voar no viaduto. Eles devem ser punidos", diz a estudante Priscila Coelho, 27.

Já o vendedor de cachorro-quente Adailton Silva, 35 anos, afirma que os radares instalados no local ajudam a impedir acidentes.

"Os motoristas não param no ponto, passam direto quando tem um cadeirante esperando. Só não andam em maior velocidade por causa desses sensores", fala. *A Tarde