Victor Ramos, zagueiro do clube, nega e disse que estava dormindo

Ao deixar a zona de desembarque no aeroporto de Salvador, na noite desta segunda-feira (30), o diretor de futebol do clube baiano, Raimundo Queiroz, negou a denúncia de que jogadores do Vitória teriam estuprado uma mulher. O caso é investigado pela polícia do Paraná e, segundo a suposta vítima, teria ocorrido em um dos apartamentos do Hotel Bourbon, em Curitiba, onde a equipe ganhou do Atlético-PR no domingo (29). "Pela última vez, não fomos acusados de nada", afirmou o dirigente. Os nomes dos atletas indicados pela mulher à polícia não foram divulgados.

O meia Felipe comentou a situação no aeroporto. O jogador negou que tenha tido qualquer contato com a mulher que prestou a queixa. "Não tenho nada a dizer. Estava dormindo. Não conheço a mulher. Nunca a vi na minha vida", diz o atleta. Do mesmo modo, o zagueiro Victor Ramos também disse que estava dormindo. Ele se negou a falar sobre o assunto.

Já o goleiro Wilson deu sua opinião a respeito da suposta vítima. "Fiquei surpreso. Dormi cedo, logo depois da partida. Quando acordei, olhei na internet e vi a notícia. Isso não aconteceu. Ninguém saiu depois da partida. Acho que é como disseram: ela quer se aproveitar da situação", declarou o goleiro Wilson.

O lateral Euller seguiu versão parecida. "Estou por fora dessa história da acusação de estupro. Pelo que fiquei sabendo, é mentira e ela deve estar querendo só se aproveitar", declarou. No fim desta manhã, Raimundo Queiroz já havia se pronunciado em nome do clube. Em entrevista coletiva, o diretor de futebol afirmou que a polícia paranaense não havia feito contato com o Vitória sobre o caso:

"Não fomos convocados para dar qualquer tipo de declaração. Não temos nada a declarar, porque não fomos procurados por ninguém. Eles [os jogadores] ficaram todos no sétimo andar, e elas ficaram, parece, no terceiro. Não podemos falar de um assunto do qual sequer temos conhecimento. É uma afronta as coisas que estão colocando a respeito do Vitória, que não são verdade. Nós sequer fomos procurados. Não tenho o que falar com vocês", disse.

Clube baiano estava hospedado em Curitiba

Entenda o caso

A Polícia Civil do Paraná investiga a denúncia registrada pela mulher, que tem 44 anos. Ela alega ter sido violentada pelos atletas, na madrugada desta segunda-feira. Em depoimento à Polícia Civil, uma amiga da vítima, que preferiu não se identificar, afirmou que não acredita que o crime tenha ocorrido. Ela disse que tinham ido ao hotel para conversar com os jogadores.

Em entrevista coletiva, a delegada titular da Delegacia da Mulher, Marcia Rejane Vieira Marcondes, afirmou que a suposta vítima diz ter sido violentada, mas não entrou em detalhes. "Ela não precisa quais os atos sexuais que ela foi submetida". Marcendes disse que a vítima afirmou ter sido violentada porque estava nua na hora que acordou. "Mas ela não recorda o que aconteceu entre o momento em que ela saiu da balada e o momento em que acordou. (…) É muito preliminar, muito prematuro nós alegarmos que ocorreu um fato criminoso ou que não ocorreu”.

Ainda segundo a versão da mulher, ela foi até o hotel com uma amiga, que conhecia um jogador do Vitória. “O que ela diz é que da balada vieram para este quarto cinco pessoas: ela, a amiga e mais três pessoas. Num certo momento, dessas três pessoas, duas – a amiga e um jogador – deixaram o quarto. Foram para outro lugar, e ela teria ficado com esses dois rapazes. Aí vem as divergências porque ela diz que ficou sozinha no quarto e que de repente as pessoas entraram no quarto. Outra hora diz que as pessoas estavam no quarto. Então, a princípio, ela diz que foram três, ou quatro, ou dois”. Segundo a delegada, duas pessoas já foram identificadas. Além disso, existe a suspeita de que uma terceira pessoa não faça parte da delegação do Vitória.

Delegada Marcia Rejane Vieira, da Delegacia da Mulher de Curitiba

Investigação

A suposta vítima voltará à polícia para dar continuidade ao depoimento, pois, segundo a delegada, ela estava cansada. “Ela está bastante confusa, o que é compreensível, já que este fato ocorreu agora pela madrugada, pelo fato de não ter dormido, pelo fato de ter estado em uma balada. Tudo isso gera uma confusão, uma exaustão”, complementou. A delegada relatou que a vítima não apresentava sinais de embriaguês, porém, disse que há relatos de que a mulher tenha bebido.

A delegada afirmou também que a vítima saiu do hotel e depois de 30 minutos retornou relatando que teria sido violentada. A vítima foi acolhida por um homem que passava pelo local. Até as 13h, este homem não havia sido ouvido pela polícia.

A suposta vítima foi medicada com antirretrovirais, utilizado para evitar infecção por HIV e outras doenças contagiosas, e pílula do dia seguinte, para evitar uma possível gravidez.

Amiga da vítima diz acreditar na índole dos jogadores

De acordo com a jovem que estava com a suposta vítima, eram quatro pessoas: ela, a mulher e mais dois jogadores. “Não rolou nada. Esta menina estava bêbada, completamente bêbada. Nós tentamos fazer com que ela tomasse um banho, e ela não quis. Eu e um outro menino saímos do quarto e supostamente os outros também saíram do quarto e ela ficou sozinha. Ou seja, ela quer a imprensa do lado dela. Ela quer tudo isso, quer aparecer”.

Apesar de enfatizar que não houve crime, a jovem disse que não estava junto e, portanto, não viu se realmente a mulher ficou sozinha no quarto. “Eu não vi, mas com certeza os meninos não ficaram, pelo estado que ela estava (…). Eu acho que ela está inventando”.

A jovem destacou que defende os atletas porque “conhece a índole dos jogadores e não a dela [da vítima]”. A moça disse que conhece os jogadores há, aproximadamente, um ano. Ela não quis dizer de onde conhece os jogadores.

Nota do hotel

A Rede Bourbon Hotéis & Resorts esclarece que todo o processo de check-in e check-out das hóspedes foi feito de acordo com o procedimento padrão da hotelaria.

Durante a estadia – registrada na madrugada do dia 30 de setembro de 2013, entre 02h e 05h30 – não houve nenhuma queixa ou registro de reclamações.

A Rede Bourbon preza pela privacidade dos hóspedes e não tem acesso às informações particulares de cada apartamento.

*G1.