O Hospital Aliança divulgou nesta quarta-feira (16) um relatório médico sobre a internação da médica Kátia Vargas Leal Pereira, 45 anos. O documento recomenda que oftalmologista continue na unidade de saúde em observação. “O relatório diz que ela precisa ficar internada entre 24h e 48h em observação”, diz o Daniel Keller, advogado de defesa da família dos irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes Dias, que morreram no acidente envolvendo a médica.

Porém, o Ministério Público do Estado da Bahia convocou a imprensa para uma entrevista na tarde de hoje, na sede do órgão, em Nazaré. Os promotores de Justiça Davi Gallo e Raimundo Moinhos divulgarão detalhes sobre o caso, além do resultado do laudo da perícia médica que solicitaram ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para saber o real estado de saúde da oftalmologista.

Se o laudo do DPT determinar que a oftalmologista ainda precisa de cuidados médicos, ela será levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde ficará custodiada. Caso fique comprovado que a médica já pode ter alta, ela será encaminhada para a 7ª Delegacia Territorial (DT/Rio Vermelho), que investiga o caso, para ser ouvido pela titular Jussara Souza.

"Se espera que ainda hoje, com o resultado, fique decidido o destino de Kátia: se ela vai ser internada no HGE, em custódia, se vai permanecer no Aliança, ou se será encaminhada ao presídio feminino", afirmou a delegada Jussara.

"Sendo que antes de ser encaminhada para o presídio, ela terá de prestar interrogatório. Isso só não vai acontecer se ela estiver sedada. E de qualquer forma, ela estando ou não em condições de ser ouvida, o inquérito do caso será encaminhado para o Ministério Pública nesta segunda-feira (21)", conclui.

Kátia ainda pode responder ao processo em liberdade. Ao ser questionada sobre a possibilidade disto, a delegada Jussara respondeu que tal coisa só irá acontecer caso o advogado de defesa da médica conseguir que um juiz conceda a revogação do pedido de prisão preventiva, concedido na terça-feira (15).

Os pais das vítimas devem ser ouvidos pela polícia na quinta-feira (17), e quatro testemunhas prestaram depoimento na delegacia hoje. A oftalmologista está internada no Hospital Aliança desde o dia do acidente.

A decisão de ser levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para um hospital particular é questionada pelo promotor Davi Gallo. “Ela passou por cima da lei”, diz, acreditando que ela deveria ter sido encaminhada para uma instituição pública de saúde.

“Não entendemos por que ela foi para o (Hospital) Aliança. No hospital público, ela teria todo o aparato de primeiros socorros. Além disso, ela está presa e deveria prestar declarações ao policial que estivesse no local, ao chegar. Num hospital público, ela também teria um lugar para ficar isolada”, explicou o promotor.

O acidente

Os dois irmãos morreram depois que a moto em que estavam bateu em um poste em frente ao Ondina Apart Hotel, na manhã da última sexta-feira (11). Antes de bater no poste, a moto em que a dupla estava, uma Yamaha XTZ (placa NTQ-8040), foi atingida por um Kia Sorento branco (placa NZK-6668), guiado pela médica.

De acordo com testemunhas, a moto havia sido fechada pelo Sorento na esquina da Rua do Escravo Miguel com a Avenida Oceânica, antes mesmo da primeira colisão.

Segundo a delegada Jussara, a médica dirigia em alta velocidade, o que provocou uma discussão com Emanuel, que chegou a bater com o capacete no capô do Sorento.

Em seguida, de acordo com a delegada, Kátia saiu em perseguição à moto, o que acabou gerando um toque. Então, Emanuel perdeu o controle e terminou batendo direto no poste. Ele e irmã morreram na hora.

*Correio.