“Está todo mundo da nossa equipe já falando em comprar carro novo depois do Carnaval, isso é uma delícia”, confessa o vocalista Márcio Victor, em entrevista ao CORREIO. Antes, também em conversa com a nossa equipe, o cantor chegou a dizer que a canção “é um protesto, um grito ao não capitalismo”.

A música virou até tema de promoções entre ambulantes, com motivos também bem capitalistas: vender bem, mais e melhor. No circuito Dodô (Barra-Ondina), um vendedor de água de coco prometia que seu produto saía por menos da metade do preço para quem fosse fã do Psirico e fizesse a coreografia do Lepo Lepo corretamente.

A música ainda deu nome a produtos de vários ambulantes nos circuitos: batatas fritas, cachorros-quentes, espetinhos e até batidas. Sobre o trio, Márcio Victor lembrava dos velhos tempos em que vendia alimentos no Carnaval de Salvador e incentivava: “Ajudem meu amigo vendedor, comprem a batatinha do Lepo Lepo”, propagandeou.

Histórico

Composta por Filipe Escandurras e Magno Santana, o sucesso já ganhou repercussão internacional, com direito a dancinha de Neymar e Daniel Alves, em jogo do Barcelona , e ao primeiro lugar mundial das mais ouvidas no iTunes, player de músicas da Apple. Escandurras, que é backing vocal no Psirico, também compôs com Magno outros hits como Fui Fiel, gravada por Pablo e Gusttavo Lima, além de Tempo de Alegria, cantada por Ivete Sangalo.

A canção foi feita há cerca de seis meses na casa de Márcio Victor, em Jaguaribe. Enquanto os dois cuidaram da letra e da harmonia, o vocalista do Psirico ajudou a elaborar o arranjo hoje utilizado pelo grupo. “A música surgiu de forma muito natural”, conta Magno.

Antes da consagração, porém, Lepo Lepo foi alvo de polêmica na internet. O cantor de sertanejo universitário Cristiano Araújo, de Goiás, lançou uma versão na web, sem fazer menção aos autores. O fato gerou repercussão entre artistas como Solange, do Aviões do Forró, Naldo e Anitta, que se manifestaram a favor do Psi e dos autores.

Na boca do povo

Polêmica superada, o Lepo Lepo e sua mensagem “anticapitalista” está na cabeça da galera. Em um único dia (sábado de Carnaval), somente no circuito Dodô, a equipe do CORREIO contabilizou cinco pedidos espontâneos e em coro, vindos da multidão, para o Psirico entoar o hit.

E bastava que a banda começasse o solinho de saxofone, acompanhado da batida de arrocha, para que todos começassem a gritar: “Ah, eu já não sei o que fazer / duro, pé rapado, com salário atrasado…”.

Jeito baiano

Deixando para trás outros sucessos como Tempo de Alegria, defendida por Ivete Sangalo (e composta por Escandurras); Claudinha Bagunceira, de Cláudia Leitte; e Raiz de Todo Bem, de Saulo Fernandes, o Lepo Lepo de Márcio Victor foi cantado repetidas vezes neste Carnaval pelos principais artistas da folia, mas teve gente que ficou na dúvida sobre seu significado. E se você, em plena Quarta-feira de Cinzas, ainda não sabe o que é o Lepo Lepo, Márcio Victor explica: “É um amor com o jeito baiano”. Entendeu?

*Correio