“Não existe tortura. São acusações infundadas”. Foi assim que o major Florisvaldo Ribeiro, comandante da 6ª CIPM (Rio Real), definiu as denúncias de excessos cometidos por sua tropa, após ser ouvido na sede da Corregedoria da PM, na Pituba, na tarde de ontem, como parte da sindicância aberta para apurar os supostos abusos.

Segundo o major, os homicídios atribuídos a PMs de sua companhia são cometidos por criminosos ligados ao tráfico. Ontem, o CORREIO mostrou que pelo menos dez PMs respondem a processos por tortura e homicídios em Rio Real. Segundo o major, porém, pelo menos dois desses policiais não trabalham mais na companhia – e todos os casos teriam acontecido antes do seu comando (ele assumiu em setembro de 2011). “(Tenente) Leanderson (Antônio dos Santos) está na Polícia Federal. (Tenente) Marcus (Vinícius Pereira) também não está mais lá”.

Um terceiro policial, identificado como soldado Edval Nepomuceno Santana, nunca teria feito parte da CIPM, segundo Ribeiro. Sobre o juiz da cidade, Josemar Dias, o major disse nunca ter percebido qualquer problema. “Em maio, ele até veio pedir nossa ajuda, porque decretou a prisão de um cidadão, que lhe fez ameaças. Como a pessoa tem medo e pede ajuda?”.

Ministério Público investiga denúncias de abusos

As denúncias de excessos cometidos por policiais em Rio Real já estão sendo investigadas pelo Ministério Público (MP-BA). Segundo o promotor Pedro Safira, da 5ª Promotoria de Alagoinhas, que também atua como promotor substituto em Rio Real, o trabalho está sendo feito em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco).

“Recebi o ofício encaminhado pelo juiz, pelo prefeito e pelo presidente da Câmara, há menos de dois meses. Eles falavam, de forma genérica, que a polícia estava praticando abusos. Por isso, instauramos a investigação”. No entanto, até então, ninguém procurou o promotor. Ele cogita que o motivo para o silêncio seja o medo de represálias.

Safira disse que analisou o inquérito do caso do advogado José Urbano Júnior, morto em novembro de 2012. “Pedi ao delegado (Antônio Santana) que fizesse seis diligências, porque faltavam elementos para uma denúncia”. O prazo para a conclusão vence em dez dias.

As informações são do G1.