A manicure Suzana do Carmo de Oliveira Figueiredo, 22 anos, que confessou ter matado o menino João Felipe Bichara, 6 anos, disse à polícia que teve um caso amoroso com o pai do menino, o empresário Heraldo Bichara, e que armou para tirar o menino da escola apenas para "dar um susto" no amante. Suzana disse que se arrependeu do crime, que aconteceu na cidade de Barra do Piraí (RJ).

"Estou arrependida e tenho que pagar pelo que fiz. Não fiz isso sozinha. O taxista Rafael foi quem planejou matar a criança. E contou com a ajuda do rapaz da recepção do hotel. Queria apenas dar um susto no pai do menino, que sempre me assediava quando ia à casa dele e insistia para eu telefonar para ele. Nós tivemos um relacionamento. Não tenho nada contra a mãe da criança", disse a manicure, segundo O Globo.

A revelação de que foi amante do pai da criança foi feita por Suzana durante uma conversa informal, segundo o delegado José Mário Salomão de Omena, titular da 88ª Delegacia (Barra do Piraí). No depoimento dado na delegacia, no entanto, ela não forneceu essa informação e disse que matou o menino por ordem do comparsa, que disse que a criança iria reconhecê-la caso ficasse viva. Apesar das acusações da manicure, o delegado disse que não há indícios da participação de outras pessoas no caso.

"Não acredito que esse comparsa citado por Suzana exista. Ela matou a criança para se vingar do pai dela. Ela entrou sozinha com o menino no hotel e saiu com a criança já morta, também sozinha", disse o delegado.

A manicure foi indiciada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ela pode ter pena aumentada por cometer crime contra menor de 14 anos.

O corpo da criança foi enterrado nesta terça no Cemitério Recanto da Paz, em Barra do Piraí, em meio a muita revolta.

Manicure

Suzana frequentava a casa da família há mais de três anos, pois era manicure de Aline Bichara, mãe do menino. No dia do crime, ela se passou pela madrinha de João e telefonou para a escola onde ele estudava dizendo que um táxi iria buscar o menino para que ele fosse a uma consulta médica.

Em um táxi, Suzana foi até a escola, mas quem desceu para pegar a criança foi um taxista. De lá, eles seguiram para o Hotel São Luiz, onde o menino foi morto por asfixia. "Suzana usou uma toalha para tampar a boca e o nariz da criança, impedindo que João respirasse", diz o delegado.

A manicure então chamou outro táxi e foi para casa. O corpo de João foi colocado na mala do veículo. "Depois de jogar o corpo de João na mala, ela rasgou a blusa, camisa e o short do garoto, além de queimar seus tênis. Em seguida, jogou as roupas e o calçado numa lata de lixo", continua o delegado.

A polícia investiga a informação de que Suzana teria feito um aborto três meses atrás – ela estaria grávida do pai de João.

Motivos

Na delegacia, Suzana deu vários motivos para o crime. Chegou a dizer que sequestrou a criança para pedir resgate, o que não foi feito. O dinheiro seria usado para pagar uma dívida de seu irmão com traficantes. "Quem pretende receber o dinheiro de resgate não mata o sequestrado. Ela estava com muita raiva quando asfixiou o menino. Minha primeira linha de investigação é de que o crime foi praticado por motivação passional", acredita.

A denúncia do crime foi feita pelo porteiro do hotel. Ele viu quando a criança saiu do quarto aparentando estar desacordada e estranhou. O taxista que buscou a criança também procurou a polícia quando soube que o menino estava desaparecido. Fonte: Correio