A médica Kátia Vargas Leal Pereira, 45 anos, não precisa de internação hospitalar e deve ser presa a qualquer momento. De acordo com a avaliação do DPT, a oftalmologista não apresenta lesão externa e nem incapacidade física, apesar de apresentar estado psíquico alterado, em razão de choque emocional. Kátia disse ao médico legista do DPT que pensa em cometer suicídio.

Para o advogado da família das vítimas, Daniel Keller, o laudo emitido pelo DPT não aponta qualquer indício de suicídio por parte da médica. Daniel afirmou ainda que Kátia teria sido orientada pela defesa a fazer essa afirmação. "Isso não existe. Foi orientação da defesa para que ela afirmasse isso", disse.

A conclusão sobre o estado de saúde de Kátia, acusada das mortes dos irmãos Emanuel, 21, e Emanuelle, 23, foi apresentada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) a partir do laudo emitido pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Segundo o promotor David Gallo, a médica será denunciada por homicídio qualificado — por motivo torpe (intenção de vingança), por colocar a vida de terceiros em perigo e pela impossibilidade de defesa das vítimas, que estavam de costas para a médica e com um veículo de menor porte.

A avaliação contesta o boletim médico expedido no início da tarde de ontem pelo Hospital Aliança, onde ela está internada desde a última sexta-feira, dia do acidente.

O relatório médico da unidade recomenda que a oftalmologista continue no hospital em observação por um período de 24 a 48 horas. Na terça, a Justiça decretou a prisão preventiva da médica e deu um prazo de 24 horas para que o hospital informasse o estado de saúde de Kátia.

De acordo com o promotor Nivaldo Aquino, o MP-BA vai apurar se a direção do hospital e o Samu, que socorreu a oftalmologista após o acidente, obstruíram o trabalho da Justiça.

“Vamos avaliar se houve uma violação da norma penal”, afirmou Aquino. Segundo o promotor David Gallo, foi enviado um questionário para o diretor do hospital questionando quem recepcionou a médica, qual o procedimento padrão do hospital ao receber criminosos e a especialidade do médico que acompanha Kátia.

O Samu, por sua vez, terá que explicar o motivo da médica ter sido conduzida para um hospital particular. “Nesses casos (prisão em flagrante), a lei diz que o suspeito deve ser encaminhado para um hospital público”, ressaltou Gallo.

Durante todo o dia de ontem, a movimentação de parentes de Kátia e jornalistas foi intensa na frente do hospital —na expectativa da prisão da médica.

A titular da 7ª Delegacia (Rio Vermelho), Jussara Souza, negou que a médica tenha tentado fugir do Hospital Aliança, em uma ambulância, ontem à noite. “Não existe isso. Não aconteceu”, garantiu.

A assessoria da Secretaria da Segurança Pública (SSP) também informou desconhecer qualquer tentativa de fuga da suspeita, que está sob custódia. Jussara disse que pretende ir ao hospital “a qualquer momento a partir de amanhã (hoje)”.

Depois disso, Kátia deve ser ouvida em depoimento. Por fim, será encaminhada para a penitenciária e deve responder às denúncias presa. Ontem, foi ouvida a oitava testemunha do acidente. A delegada Acácia Nunes explicou que os depoimentos colhidos ontem são convergentes e só reforçaram a teoria de que o crime foi intencional.

*Correio.