O policial militar reformado Mizael Bispo foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato da advogada Mércia Nakashima nesta quinta-feira (14). Ele foi considerado culpado pelo crime de homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Durante a leitura da sentença, o juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano destacou que o fato de o réu ter mentido foi considerado um agravante. Cano afirmou ainda que "gestos de amor jamais podem levar a pessoa amada à morte".

Emocionados, os familiares de Mércia ouviram a sentença de mãos dadas.

Ao fim da leitura, o juiz também se emocionou. Com a voz embargada, ele agradeceu aos defensores, aos advogados, jurados e todos os presentes no plenário.

Sete jurados — cinco mulheres e dois homens – decidiram o destino de Mizael durante o júri popular que começou na segunda-feira (11), no Fórum Criminal de Guarulhos, Grande São Paulo.

Ao todo, foram ouvidas nove testemunhas — cinco da acusação, três da defesa e uma do juízo. Inicialmente, estavam previstas 11, mas duas foram dispensadas pelos advogados do réu.

Do fórum, Mizael volta para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, onde deverá permanecer até se esgotarem todos os recursos da defesa.

Acusação

Durante o julgamento, a acusação apresentou o réu como uma pessoa “covarde e “de mente doentia”. O advogado assistente, Alexandre de Sá, mostrou para os jurados e-mails de Mizael nos quais ele dizia para Mércia: dizia para Mércia: "não nasci para sofrer", "cansei de verdade, do fundo do meu coração", "tudo tem limite e o meu já deu" e "chega de descaso".

Durante pouco mais de uma hora em que falou aos jurados, o promotor Rodrigo Merli disse que Mizael Bispo mentiu por várias vezes durante o processo, e que ele matou, sim, Mércia Nakashima "por se sentir humilhado, o lixo dos lixos".

Defesa

A defesa usou o debate para atacar a acusação. O defensor Samir Haddad falou que se tornou amigo do seu cliente e que tem “1000% de certeza de que não foi ele [Mizael]”.

O advogado Ivon Ribeiro foi o último a falar e afirmou que não há provas para condenar o réu. Ribeiro chamou ainda o delegado Antônio de Olim, responsável pela investigação do crime, de "fanfarrão" e disse que ele nunca havia investigado um homicídio antes da morte de Mércia.