A política brasileira de combate ao fumo, que reduziu pela metade o número de fumantes no País nas duas últimas décadas, mereceu um capítulo inteiro da revista científica britânica Lancet em uma edição especial sobre saúde no Brasil, publicada neste mês.

A cruzada antitabagista é tratada como estratégia de sucesso e apontada pelos pesquisadores como um dos principais motivos para a queda de 20% na mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no País, entre 1996 e 2007.

“A diminuição ocorreu, particularmente, em relação às doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas.

E isso graças à implementação bem-sucedida de políticas de saúde que levaram à redução do tabagismo e à expansão do acesso à atenção básica em saúde”, diz o artigo.

Isso porque, segundo os médicos, o cigarro é o primeiro fator de risco evitável para as doenças mais letais no mundo, as cardiovasculares.

Em 1989, quando o Instituto Nacional do Câncer (Inca) inaugurou o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, 32% dos brasileiros com mais de 15 anos fumavam – índice que caiu para 17,2% para essa mesma faixa da população em 2008, segundo o IBGE.

A pesquisa mais recente sobre o tabaco, divulgada há um mês pelo Ministério da Saúde, mostrou que, entre indivíduos acima de 18 anos, 15,1% fumavam – taxa que é um pouco maior na capital paulista, onde chega a 19,6%.

Hoje, o Brasil tem a menor prevalência de fumantes da América Latina.

As mulheres, contudo, estão na contramão da tendência de queda do tabagismo.

Entre 2006 e 2010 a porcentagem de fumantes mulheres na cidade de São Paulo passou de 14,6% para 16,8%.

Isso ajuda a explicar a incidência do câncer de pulmão entre elas: ele já é o segundo mais comum entre as mulheres do País, atrás apenas dos tumores de mama, segundo a médica Tânia Cavalcante, da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro (Conicq), do Inca.

* Fonte: Ig