Eram 7h21 de ontem quando a empregada doméstica Francineide dos Santos Nascimento, 37 anos, foi abordada por Jailson Ferreira dos Santos Souza, 26, no momento em que entrava no edifício Aladim, na rua Politeama de Cima, no Politeama.

Em uma moto, Jailson ordenou que a mulher entregasse a bolsa. Francineide tentou seguir a ordem, mas a bolsa prendeu na porta. Então, o assaltante começou a golpear seu rosto com o capacete.

Logo em seguida, um policial militar fardado que passava pelo local de carro parou e abordou o criminoso, que tentou fugir, mas foi baleado e morreu no Hospital Geral do Estado (HGE). Toda a cena foi registrada por câmeras de vigilância de empresas que ficam no entorno do prédio.

Mulher foi agredida com capacete em assalto no Politeama

Cirurgia

Segundo o taxista Leôncio Nascimento, pai de Francineide, ela teve o nariz quebrado e vai passar por uma cirurgia hoje, também no HGE. Ontem, ela passou por uma avaliação neurológica, que não teve o resultado divulgado.

A assessoria da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) não soube precisar o número de tiros recebidos pelo assaltante, que morreu no meio da tarde. O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia (Barris).

Duas cápsulas 380 mm e uma .40 foram encontradas no local onde Jailson foi baleado. Segundo testemunhas, o PM que atirou no assaltante estava parado no semáforo, num Corsa branco, quando viu a tentativa de assalto.

“Ele percebeu a cena, deixou o carro na pista e correu para socorrer a moça”, contou o empresário Wellington Oliveira. As imagens a que o CORREIO teve acesso mostram o momento em que Jailson sai da rua Politeama de Cima e aborda Neide, como a empregada é conhecida.

Um rapaz vestido de branco, do outro lado da rua, percebe a ação e aponta para alguém. Pouco depois o policial militar aparece no vídeo, saca a arma e grita algo para o bandido. O assaltante acelera a moto, mas é baleado pelo PM e cai no asfalto. Pouco depois, pessoas se aglomeram em volta do bandido e da vítima.

Mesmo com a imagem de um policial fardado, a assessoria de comunicação da PM não confirmou o envolvimento de um membro da corporação na ação.

“As investigações do fato estão sendo conduzidas pela Polícia Civil e acompanhadas pelo Serviço de Inteligência da PM, que permitirão com o transcorrer das declarações de testemunhas e obtenção de provas chegar a definições de autoria e materialidade”, informou em nota.

Testemunhas

Nas imagens, não é possível perceber o número de disparos efetuados, mas algumas pessoas afirmaram ter ouvido cinco tiros. A aposentada Augusta Cardoso, 82 anos, estava saindo de casa. “Eu ainda ouvi os tiros, tinha acabado de entrar no táxi. Fiquei muito nervosa. Não tive coragem de olhar como a moça estava, mas o taxista disse que ela ficou com o rosto bastante ferido”.

A pedagoga Maria de Fátima Lisboa, 60 anos, mora no mesmo prédio em que Neide trabalha e disse que por uma fração de segundos não presenciou a cena. “Estava saindo com o cachorro, descendo as escadas, quando ouvi o barulho dos tiros. Quando cheguei na portaria vi a confusão e fiquei sabendo o que tinha acontecido” afirmou.

Neide trabalha há pelo menos três anos no mesmo local e, segundo os moradores do prédio, é uma pessoa tranquila. O patrão da doméstica não quis se identificar, mas contou que ela sempre chegava por volta das 7h30. Ele estava no apartamento no momento do crime.

“Estava em casa quando ouvi os disparos. Não consegui de imediato saber o que tinha acontecido, mas logo que desci percebi que era Neide”.

Testemunhas disseram ainda que a ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) demorou para chegar ao local. “Ela (Neide) ficou caída no chão por quase uma hora. O rosto estava ferido e ela disse que não conseguia respirar direito”, contou o patrão.

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a demora no atendimento foi provocada pelo congestionamento. O órgão informou que a ambulância mais próxima, disponível para atendimento, estava no Pau Miúdo. O veículo chegou no Politeama por volta das 8h30.

Insegurança atormenta moradores

Moradores e comerciantes do Politeama afirmam que os assaltos fazem parte da rotina. “Não saio mais aos domingos. Assaltos são frequentes nessa região, de segunda a sexta-feira, e nos fins de semana a coisa é ainda pior”, contou uma moradora. A assistente administrativa Paula Pinto, 30 anos, disse que não sai de casa sozinha à noite e que tem evitado chegar tarde.

“Peço para meu irmão me acompanhar. Eles assaltam em qualquer horário”. A PM informou que o policiamento da área é de responsabilidade do 18º Batalhão, que realiza “rondas com viaturas de duas e quatro rodas”.

Equipes da Rondesp e do Esquadrão de Motociclista Águia reforçam as ações, informou a assessoria da corporação. Até este sábado, não foi informada a quantidade de veículos e o efetivo policial disponível para a área.

*Correio.