Um sofrimento que ainda não teve fim. Um ano após ter sido atingida por ácido sulfúrico enquanto passeava pelo bairro de Itapuã, em Salvador, a vendedora Claudimar Félix ainda convive com as marcas da violência.

O produto atingiu o rosto, o pescoço e quase todo o lado direito do corpo de Claudimar. Ela ficou 2 meses internada no hospital para se recuperar das queimaduras de 3° grau que sofreu. A suspeita do crime, que teria cometido a tentativa de homicídio por ciúmes do namorado, teve a prisão preventiva decretada há 6 meses e está foragida.

Antônia Eliana de Jesus Ramos estaria com ciúmes da relação de Claudimar com o ex-companheiro, o farmacêutico Rosael Carvalho Duvalle Júnior, 37 anos

"Passei por cirurgia, tive que fazer enxerto, tirar pele de uma parte boa e botar na parte que está ferida. Tive debilidade [fraqueza] permanente e falta de movimento devido ao fato de as queimaduras terem sido muito profundas", relata a vítima, que também mudou de endereço. "Não consigo mexer os braços. Estou fazendo fisioterapia para poder voltar a movê-los", acrescenta.

A vendedora teve que parar de trabalhar e está recebendo auxílio-doença da Previdência Social. Ela ganha um salário mínimo mensal, que serve para comprar medicamentos, roupas e máscaras especiais usadas diariamente para tratar as cicatrizes e combater as dores.

"Tive que me adaptar com a nova rotina. Uma rotina que eu não desejo para ninguém. De três a quatro vezes por semana, me encontro com médicos para poder encontrar meios de me recuperar. Tem sido dolorido dormir, me virar na cama, tomar banho. Eu não sei nem o que dizer. É duro também a minha aparência, andar na rua e ver que tem gente com o olhar fixo porque está achando você diferente", lamenta.

Claudimar conta que acompanha a investigação do caso e que não fez nada contra a suspeita. "Ela cometeu esse ato comigo sem eu nunca ter feito nada contra ela. Foi por motivo fútil, banal. Eu quero justiça, quero que a polícia a encontre. Já tem 1 ano que estou lutando por isso, sempre vou à delegacia, procuro uma solução."

Mesmo ainda tentando se recuperar, a vendedora comemora os resultados obtidos em sua recuperação.

"Eu quero viver. Sinto saudade da minha vida, daquela equipe [do trabalho], daquela amizade que eu tinha. Graças a Deus, as minhas melhores amigas eu não perdi, elas estão do meu lado. Viver é tão bom. Agradeço a Deus por estar viva, por estar aqui hoje. Estou tendo conquistas. Depois do acidente, considero que renasci. Renasci e tenho uma nova vida", destaca. *G1.

Jovem antes de ser atingida com o ácido
Segundo informações, Rosael teria abandonado a jovem logo após o ataque