A taxa de desemprego no Brasil ficou em 7,1% no primeiro trimestre deste ano, acima dos 6,2% dos últimos três meses de 2013 e abaixo dos 8% registrados no primeiro trimestre do ano passado. O Nordeste apresentou a maior taxa de desemprego no primeiro trimestre deste ano dentre as regiões pesquisadas, com 9,3% da população economicamente ativa (PEA).

Na outra ponta, apareceu o Sul, onde o desemprego alcançou 4,3%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada, na terça-feira (3), pelo IBGE. De acordo com a Pnad Contínua, que substituirá a Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a taxa de desemprego entre as mulheres é maior do que entre os homens em todas as regiões do país.

Do total da força de trabalho, ou seja, da população com mais de 14 anos de idade que tem interesse em trabalhar, 7,1% estão sem emprego. Entre os homens, a proporção de desempregados é de 5,9%, enquanto entre as mulheres, é de 8,7%.

Essa diferença se repete em todas as cinco grandes regiões em que se divide o Brasil (veja tabela acima). Ainda no Nordeste, as mulheres tinham a mais alta taxa de desemprego do país, 11,4%. No Sul, chegava à mínima: 5,4%.

Como a Pnad Contínua não investiga as razões da diferença de desemprego entre homens e mulheres, não é possível deduzir diretamente se é resultado, por exemplo, de discriminação por parte dos empregadores ou por falta de qualificação das candidatas às vagas.

No entanto, desde o início da série histórica, iniciada em 2012, a diferença de gênero tem caído. No primeiro trimestre de 2012, a taxa de desemprego estava em 7,9% no país. Entre os homens, era de 6,2%, e entre as mulheres, de 10,3% – uma diferença de 4,1 pontos percentuais. Um ano depois, a diferença diminuiu para 3,5 pontos e agora está em 2,8 pontos.

Segundo analistas, o resultado da Pnad Contínua mostra um mercado de trabalho ainda mais vigoroso no total do país do que o mostrado nas seis principais regiões metropolitanas pela PME. “Pela Pnad Contínua, parece que o emprego ainda tem espaço para crescer.

O cenário fora das regiões metropolitanas, para o Brasil como um todo, ainda é favorável para a ocupação”, avaliou o economista Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Escolaridade

Segundo os dados da Pnad Contínua, a taxa de desocupação entre as pessoas com ensino médio incompleto era de 12,7% nos primeiros três meses do ano, enquanto, entre aqueles com ensino superior, foi equivalente a um terço: apenas 4%. Esta é apenas uma das disparidades do mercado de trabalho no Brasil.

No primeiro trimestre deste ano, 38,9% das pessoas em idade de trabalhar foram classificadas pelo IBGE como “fora da força de trabalho”, ou seja, aquelas que não estavam nem ocupadas nem em busca de emprego. Entre as regiões pesquisadas, o Nordeste mais uma vez se destacou com o maior percentual de pessoas nessa situação, 43,1%.

Greve atinge cerca de 22% dos servidores do país, afirma IBGE

A publicação da Pnad Contínua, na terça-feira (3), foi a primeira desde que o IBGE voltou atrás na decisão de suspender a divulgação da pesquisa, no início de abril.

A suspensão havia sido motivada por questionamentos feitos por parlamentares e tinha como objetivo fazer uma revisão na metodologia de coleta e cálculo da renda domiciliar per capita (por pessoa). O IBGE explica que o cálculo atual prevê margens de erro diferentes para a pesquisa entre os estados, o que prejudica a comparação dos resultados.

Enquanto a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) reúne dados de seis regiões metropolitanas, a Pnad Contínua traz o cenário do emprego em quase 3,5 mil municípios. Ou seja, a principal diferença entre a PME e a Pnad Contínua é a abrangência da pesquisa. A Pnad Contínua substituirá a tradicional Pnad anual e a PME em 2015.

Ontem à tarde, o IBGE afirmou que a paralisação dos servidores continua parcial e atingiu 18 unidades estaduais, além das Unidades da Sede, Parada de Lucas, Canabarro e Chile, situadas no Rio de Janeiro. De acordo com o órgão, a adesão foi de cerca de 22% dos trabalhadores no país. Já o sindicato estima que entre 65% a 70% dos servidores aderiram à greve.

Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE (Coren), responsável pela divulgação da Pnad Contínua e da PME, Cimar Azevedo, não é possível prever se a greve provocará impacto nas pesquisas. Ele não descartou o efeito da paralisação no resultado das análises.

Com informações do Correio