Foto: Almiro Lopes/Correio

Os rodoviários das empresas da Região Metropolitana de Salvador paralisaram as atividades na manhã desta segunda-feira (23) em protesto contra a permanência na prisão do motorista Jocival Pinto, que atropelou o médico Raimundo Pereira da Silva Filho e sua irmã em janeiro deste ano, na Estrada do Coco.

A diretoria Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários da Bahia se reúne nesta terça-feira (24) para decidir se os motoristas dos ônibus interestaduais irão paralisar as atividades neste período do Natal e Ano-Novo. De acordo com o presidente do sindicato, Hélio Ferreira, existe grandes possibilidades de que isso ocorra. "É muito provável que isto aconteça, e que as pessoas que vão viajar para o interior nesta época fiquem sem ônibus".

Desde a liberação da médica Kátia Vargas, apontada pelo Ministério Público como responsável pela morte dos irmãos Emanuel e Emanuelle Gomes no mês de outubro, em Ondina, a categoria está insatisfeita com a permanência de Jocival na prisão. O motorista, que está preso há 11 meses, é indiciado por três tentativas de homicídio.

O presidente do sindicato afirma que a categoria está pedindo apenas que a Justiça não tenha dois pesos e duas medidas. "Já conversamos com promotor, com um juiz, um juiz substituto, e todos estão negando a soltura dele. Só que Jocival tem antecedentes bons, residência fixa, e ao contrário da médica, não se envolveu em nenhum acidente com vítima fatal", assegura Hélio.

O rodoviário, Jocival, foi indiciado por três tentativas de homicídio, qualificadas por motivo fútil, por não dar condição de defesa às vítimas, além de ter sido realizada por um motorista profissional e contra uma mulher grávida.

Prisão preventiva

No dia 17 de dezembro, o advogado do motorista, Marcos Pereira, entrou junto ao Tribunal de Justiça (TJ-BA) com pedido de reconsideração da prisão preventiva. “Pedimos que o juiz reconsiderasse a partir do princípio da igualdade. Hoje a comoção social é inversa à época do fato. Muitas pessoas já entraram em contato questionando o motivo de a médica ter sido liberada e ele não”, relata.

Pereira acrescenta que a condição social dos réus influenciou nas decisões. “Ele é um motorista de ônibus; ela, uma médica. Hoje a necessidade de resposta da sociedade é no sentido da Justiça não privilegiar por conta de questões econômicas ou sociais. Se a liberdade chegou a outra pessoa nas mesmas condições, por que ele deve permanecer preso?”, questionou, acrescentando que Jocival não tem antecedentes criminais.