Cerca de uma hora depois de o ator Vinícius Romão de Souza, de 26 anos, deixar a Casa de Detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, a copeira Dalva da Costa Santos, de 51 anos, falou com o EXTRA pelo telefone. Emocionada, a mulher disse que não querer se expor para não prejudicar seu trabalho – ela é funcionária de uma empresa que presta serviços para o Hospital Pasteur, no Méier. Dalva pediu perdão ao jovem e também ao pai dele, o tenente-coronel da reserva do Exército, Jair Romão de Souza, de 64 anos.

– Peço perdão mil vezes ao Vinícius. Estou orando sem parar por ele. Para Deus estar guardando ele, o coração dele. E que ele consiga superar tudo isso o mais rapidamente possível. No que precisar de mim para resolver questões da Justiça, eu, como mãe de família, vou estar sempre à disposição – disse ela, que é evangélica e tem dois filhos.

Dalva contou que tem vontade de pedir desculpas pessoalmente a Vinícius e a Jair. Mas disse que, primeiro, vai esperar um pouco até que a situação esteja menos tumultuada:

– Não sei como está o estado emocional deles. Agora, agora, não vou procurar. Mas meu pensamento está com os dois. E minhas preces também.

A copeira disse que não consegue apagar as imagens do assalto de sua cabeça. Ela contou que a certeza de ter feito o reconhecimento errado veio dias depois de Vinícius ter sido autuado, no dia 10 de fevereiro deste ano. Mas ela não tinha o dinheiro da passagem para ir à 25ª DP (Engenho Novo) desfazer o engano.

– Quando me roubou, o ladrão levou meu vale-transporte. Estou pegando dinheiro emprestado para ir trabalhar. É a minha prioridade, já que com meu salário ajudo também minha irmã mais velha, que tem sessenta e poucos anos e precisa da minha ajuda – disse a mulher.

Nesta terça-feira, aconteceu a oportunidade de Dalva se retratar. Ela contou ter sido procurada pelo delegado Niandro Lima, titular da 25ª DP, enquanto estava no trabalho:

– Ele me perguntou se eu não queria participar de uma reconstituição, prestar um novo depoimento. Concordei na hora. E aí falei que não tinha sido o Vinícius. E fiquei em paz. Até isso acontecer, eu estava inquieta. Só Deus sabe o que estava passando. Queria muito falar que o Vinícius não era o ladrão, mas não tinha como.

A copeira lembrou que, logo depois do assalto – o primeiro de sua vida -, ficou muito nervosa. Chorava quando um policial à paisana (Waldemiro de Freitas Junior, da 11ª DP, na Rocinha) se aproximou. Ele falou para ela entrar no carro e, de acordo com Dalva, ambos saíram à procura do bandido.

– Eu não queria ir. Mas ele insistiu. E disse “Quem sabe a gente recupera (o que foi roubado)”. Eu estava muito abalada. Foi quando vimos o Vinícius subindo o viaduto (de Todos os Santos). Quando olhei para ele, me assustei, pois realmente é parecido com o assaltante. O policial me perguntou se era ele. Eu respondi: “Acho que é”. E ele falou: “Aqui não tem acho, senhora. Aqui é assim: ou é ou não é”. E acabamos indo para a delegacia. Quero dizer que não queria incriminar ninguém. Mais uma vez, peço perdão – disse a copeira. *Extra Globo.