O jovem de 19 anos, agredido no bairro do Lobato, em Salvador, acordou do coma e passa bem. Na manhã desta sexta-feira (4), moradores da região saíram em caminhada na avenida Suburbana até a 14ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Lobato), em protesto. Familiares de Geraldo Mota Pereira Júnior, 19, alegam que o rapaz estava comprando pizza acompanhado de amigos e do primo de 7 anos quando foi abordado e agredido por policiais militares

Ele está internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Jaar Andrade. De acordo com a irmão da vítima, ele faz perguntas, mas não consegue se lembrar do ocorrido.

"Ele perguntou porque estava internado, e para não assustá-lo, a gente disse que ele tomou uma queda jogando futebol", disse a irmã da vítima, Paula Mota Pereira. "Ele ainda sente muitas dores no pescoço, e deve passar por uma tomografia ainda nesta tarde, para que o médica dê um diagnóstico mais preciso do estado de saúde dele".

Ainda não é possível afirmar se o rapaz, que trabalha como auxiliar de montagem na loja de eletrodomésticos Casas Bahia, vai sofrer alguma sequela decorrente da agressão, que aconteceu na noite do domingo (29). Geraldo Júnior entrou em coma e só conseguiu voltar a se comunicar na quinta-feira (3).

Após a manifestação, uma comissão formada pela tia da vítima, Solange Mota, e alguns integrantes do protesto se reuniram com um major e um capitão da 14ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Lobato). "Segundo o capitão, eles já tomaram providências – os PMs envolvidos foram ouvidos pela Corregedoria e afastados de antemão de atividades externas, fazendo somente serviços internos", relatou Solange.

A assessoria de comunicação da Polícia Militar confirmou a informação, dizendo que os policiais apontados foram afastados do serviço de rua em caráter preventivo enquanto durar a investigação. Caso seja confirmado o envolvimento dos PMs na agressão de Geraldo Júnior, eles podem ser expulsos da corporação ou responder ao processo presos.

"O fato deles já terem tirado das ruas esse policiais, claramente sem preparo, já é uma coisa boa", desabafa a tia da vítima. "A nossa luta continua, porque a gente quer uma polícia que nos proteja e não nos agrida".

Ainda de acordo com familiares da vítima, os PMs não socorreram o rapaz, e impediram que os amigos dele também ajudassem o rapaz. "Quando um dos meninos se aproximou do meu sobrinho, eles perguntaram: 'Quem é o próximo?'. E só pararam de agredir ele quanto perceberam que o Júnior estava desacordado, e foram embora dando risada, dizendo que iam fazer coisa pior no Carnaval", disse Solange. "É inadmissível que existam pessoas como essas trabalhando para a nossa comunidade".

Além da passeata desta sexta-feira (4), os moradores do bairro do Lobato estão se mobilizando para fazer um ato pela paz e liberdade em breve. Eles também pretendem exibir o documentário 'Menino Joel' no Largo da Mangueira, no Alto do Cabrito, na próxima quinta-feira. "Essa luta não é uma luta familiar, e sim uma luta de uma comunidade", conclui a tia de Geraldo.

Confira na íntegra abaixo o comunicado enviado pela assessoria da PM

"A Corregedoria da Polícia Militar instaurará Feito Investigatório para apurar o ocorrido, após o registro de agressão por parte dos familiares de Geraldo. Os policiais militares que integravam a guarnição já foram identificados e estão sendo ouvidos. Também foram convocadas a prestar depoimentos as testemunhas apontadas na denúncia, a fim de subsidiar com mais informações o procedimento de apuração."

*Correio.