O apagão que deixou 46 milhões de pessoas sem luz em oito estados nordestinos no início de fevereiro teve forte impacto nas exportações da indústria baiana, com destaque para a cadeia petroquímica.

Os resultados da balança comercial do primeiro trimestre de 2011 mostram uma queda de 28,2% no setor químico e petroquímico e de 16,6% no segmento de petróleo e derivados, em comparação ao mesmo período do ano passado.

O presidente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) e vice-presidente de insumos básicos da Braskem, Manoel Carnaúba, confirma que o blecaute de energia foi o principal fator para a queda nas exportações.

“O aumento da demanda no mercado interno também colaborou com o resultado, mas com certeza o blecaute foi o fator preponderante.

Foi um prejuízo  para todo o Polo Industrial”, avalia.

A Braskem, maior empresa do segmento e principal fornecedora das indústrias do Polo Industrial de Camaçari, foi uma das mais atingidas pela falta de energia.

No primeiro trimestre, a queda nas exportações chegou a 44,4% em relação ao mesmo período no ano passado.

A queda foi puxada por produtos petroquímicos básicos, como benzeno e propeno, que tiveram uma redução significativa nas vendas externas.

Também tiveram as exportações reduzidas empresas do setor como Dow, a Oxiteno e a Elequeiroz.

O segmento de metalurgia também foi afetado, com redução de  3,63% nas vendas externas, com destaque para Paranapanema, com queda de 11,2%.

 

Polo Industrial – Os dados consolidados pelo Ministério do Desenvolvimento confirmaram que o impacto da queda de energia no sistema da Chesf foi mais forte no Polo Industrial de Camaçari.

Após o blecaute, complexo precisou de cerca de duas semanas para voltar a operar a pleno carga.

O principal entrave para a retomada da produção foi reativação das duas centrais petroquímicas  – unidades básicas que atuam no processo de quebra das moléculas da nafta e produzem matérias-primas para as principais plantas do complexo industrial.

Na avaliação do superintendente de desenvolvimento industrial da  Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), João Marcelo Alves, a parada do Polo por um período tão longo afetou  a produção de maneira significativa.

“Acabou sobrando muito pouco da produção petroquímica para  exportar”, avalia.

O economista  professor da Unifacs, Raimundo Torres, criticou a insegurança do sistema elétrico: “Indústrias do porte das do Polo não podem parar abruptamente, como aconteceu”, observou.

* Fonte: A Tarde