Após o susto do apagão elétrico, que começou por volta das 15h da quarta-feira e atingiu todo o Nordeste, o fornecimento de energia na Bahia foi normalizado às 19h30 do mesmo dia, segundo informações da Coelba. No entanto, os transtornos causados pelo blecaute, que durou apenas algumas horas, ainda serão sentidos por algum tempo por diferentes setores da economia estadual.

A indústria é um dos setores que mais deverão sofrer as consequências do apagão. No Polo Industrial de Camaçari, a energia foi restabelecida ainda na quarta-feira, mas as indústrias do local só voltarão a funcionar plenamente amanhã. Isso porque o processo de interrupção e religamento das máquinas é complexo.

A informação é do superintendente de Comunicação do Centro de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Érico Oliveira. “Muito provavelmente, a produção deverá se restabelecer totalmente entre amanhã (hoje) e sábado”, afirmou.

“As empresas não voltam a funcionar simultaneamente, porque uma depende da outra. Após religar as máquinas, é necessário rever o realinhamento de equipamentos e operações, além da especificação de produtos, que é preparar o produto para estar na qualidade normal de aceitação de mercado”, detalhou Oliveira.

Segundo ele, além disso, é preciso fazer esse retorno observando todos os procedimentos de segurança. “Por isso, essa retomada não é imediata”, completou o superintendente do Cofic. Ele expressou preocupação com a frequência dos apagões. “Temos duas preocupações: o prejuízo econômico e a segurança”, afirmou.

Até ontem, os prejuízos econômicos ainda não tinham sido consolidados pelo Cofic. No momento do apagão, as chaminés de segurança tiveram de ser ativadas, mas nenhum acidente grave foi registrado. “A frequência com que esses apagões têm acontecido aumenta ainda mais nossa preocupação”, disse Oliveira.

A falta de energia também repercutiu negativamente no comércio. “Calculamos que a cada R$ 100 que deveriam ser vendidos num dia normal, perdemos R$ 25 com o apagão”, disse o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Mota.

críticas O secretário de Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, criticou a gestão do ministro das Minas e Energia (MME), Edison Lobão, e a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), responsável por gerir as linhas de transmissão de energia elétrica.

“Esse apagão é reflexo de um sério problema de gestão na Chesf. Quando houve as queimadas no Piauí, poderiam ter ligado as linhas de transmissão de Paulo Afonso. Não dá para aceitar essa justificativa”, afirmou Correia. “Edison Lobão é um político, tem dificuldade de acompanhar tecnicamente um sistema tão sofisticado e complexo como o de energia elétrica”, criticou. “É um prejuízo ter um ministro como ele, comparando com a gestão anterior, de Dilma Rousseff.

Em nota, a Chesf afirmou que a ocorrência não teve origem na empresa: “Coube à Chesf a recomposição das cargas, trabalho realizado no menor tempo possível”.

O MME não comentou as críticas. Na reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) realizada ontem, Lobão pediu que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) faça uma “rigorosa fiscalização” para investigar as falhas que causaram o apagão. O Operador Nacional do Sistema (ONS) fará uma nova reunião na segunda-feira.

*Correio.