Quem escolheu o Porto da Barra para passar a tarde deste domingo viu a paisagem da praia se transformar no cenário de terror. O local também foi escolhido pelo jovem Átila Silva Souza, 19 anos, para um acerto de contas com um rival. O suspeito deu início a um tiroteio, por volta das 16h, que deixou pelo menos duas pessoas feridas.

Iuri dos Santos Matos, 16, e Júlio César dos Santos, 21, foram atingidos nas costas e no peito e braço direito, respectivamente. De acordo com informações de policiais da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Barra), Átila chegou subiu a rampa que leva ao Forte Santa Maria.

De lá, começou a atirar contra as pessoas que estavam na areia, mesmo com a presença da Base Móvel da PM a poucos metros de distância. Segundo os policiais, foram seis tiros. “Em seguida, ele deu a volta por trás do forte, tentando fugir. Ele jogou a arma no mar, quando conseguimos alcançá-lo”, contou um dos PMs, que não quis se identificar.

Os policiais, no entanto, conseguiram recuperar a arma, um revólver calibre 38. “Isso é briga entre facções rivais”, afirmou o mesmo policial. Ao ouvir o barulho dos tiros do atentado, quem estava no Porto entrou em pânico. Banhistas como o mecânico Carlos Alberto, 53, saíram correndo na confusão.

“Foi vagabundo atirando contra a polícia e a polícia atirando contra vagabundo. O Porto da Barra virou filme de bangue-bangue”, disse. A cabeleireira Bárbara França, 30, contou que as pessoas que estavam se revoltaram com o atentado.

“Ele estava procurando alguém e atirou sem se preocupar com as pessoas inocentes. A população queria linchar ele. Se não fossem os policiais que deram tiros para cima para dispersar, o povo teria batido nele. Mas isso era disputa de facções do Engenho Velho de Brotas e de Cosme de Farias”, especulou.

A cozinheira Elisângela Santos conhecia uma das vítimas, Iuri. “Ele mora próximo a minha casa, na Avenida Bonocô. Não era para ele, porque não é uma pessoa envolvida com problemas. Na hora, ele correu e o tiro pegou nele”.

Iuri e a outra vítima, Júlio César, foram levados ao Hospital Geral do Estado (HGE). Os dois foram encaminhados ao centro cirúrgico e não tiveram seu estado de saúde divulgado. O atirador foi levado ao posto da Polícia Civil do HGE, onde prestou depoimento à delegada Claudenice Mayo.

De acordo com o chefe do Setor de Investigação do plantão, Roberto Silva, Átila nega que tenha sido o autor dos disparos, apesar de ter sido identificado por testemunhas.

“Ele diz que chegou em Salvador há uma semana, vindo de São Felipe (município a cerca de 180 quilômetros da capital). Além disso, é suspeito de ter cometido um homicídio lá, também há uma semana”.

No entanto, de acordo com o chefe do SI, a motivação do crime ainda é desconhecida e não é possível dizer se as vítimas eram os alvos do atirador. Ainda ontem, o suspeito foi encaminhado à Central de Flagrantes da 1ª Delegacia dos Barris, que deve investigar o caso. Fonte: Correio