Se você encher o tanque do seu carro de gasolina num posto da Centenário irá gastar R$ 149,50. Mas se colocar a mesma quantidade de combustível num outro estabelecimento, em Águas Claras, a conta sairá bem menor: R$ 128. Usamos como base um tanque com capacidade para 50 litros, e os preços dos postos Menor Preço de Águas Claras – R$ 2,56 – e Shell da Centenário – R$ 2,99.

Mas aí você pensa: “Mas com o combustível que eu vou gastar indo da Centenário até Águas Claras já paguei os R$ 21,50 de diferença”. Não necessariamente. Apesar dos dois exemplos extremos, não precisa correr por toda a cidade para encontrar boas diferenças de preços. A variação é vista entre postos separados por uma distância mínima de 2,5 quilômetros – 5 minutos de carro – como o BR da Avenida Carlos Gomes (R$ 2,99) e outro na Rua Djalma Dutra, cuja gasolina é vendida a R$ 2,59.

Foi no primeiro que o motorista de táxi Carlos Bastos parou ontem pela manhã. “Só vim calibrar, tá muito caro”, disse, ao ser abordado pela reportagem. “Ninguém é besta, dói no bolso. Tem que pesquisar”, completou.

Entre postos localizados nos bairros Cidade Jardim e Ondina (Avenida Garibaldi), a diferença também é grande – andando 4,1 quilômetros (ou sete minutos), a economia fica por volta de R$ 17,50. O valor mais barato encontrado pela reportagem do CORREIO – aquele de R$ 2,56 do início do texto – fica distante menos de três quilômetros de outra rede que vende a gasolina a R$ 2,95. “Acredito que o preço varia conforme a concorrência”, diz o chefe de pista (uma espécie de gerente dos frentistas) Fernando Pacheco, do posto da Carlos Gomes.

O posto onde ele trabalha, da rede BR (Petrobras), vendia o litro da gasolina por R$ 3,09 há cerca de 15 dias. “O patrão aumenta e diminui e a gente não sabe o porquê, mas acredito que é conforme a vizinhança”, arrisca. A diferença de preço pode variar conforme as condições de pagamento, segundo Pacheco. “Tem lugar que só vende a preço baixo se for à vista”, conta.

Explicação

O vice-presidente do Sindicato do Comércio de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicombustíveis), Walter Tannus Freitas, tem uma explicação diferente para o súbito barateamento do combustível em alguns postos. Segundo ele, as distribuidoras – que vendem o combustível para os postos – compram da Petrobras uma quantidade que não pode ser muito acima nem muito abaixo do que efetivamente vão vender.

“Se faltar ou se sobrar, eles pagam uma multa, que subiu muito a partir do mês de julho”, diz. Ainda segundo Freitas, no final do mês, as distribuidoras que ficaram com estoque precisam vender rapidamente esse combustível, para não pagar a multa e, por isso, baixam os preços.

“Esse combustível que está sendo vendido mais barato nos postos agora é o mesmo que as distribuidoras venderam mais barato para os postos no final do mês”, conclui ele. Ainda segundo o vice-presidente, os postos pagam, em média, R$ 2,55 por litro de gasolina.

No entanto, segundo a última tabela da Agência Nacional do Petróleo (ANP), considerando a semana de 25 a 31 de agosto, os postos pagaram R$ 2,414 pelo litro da gasolina e R$ 1,835 pelo litro do álcool.

O preço do álcool também baixou. Ontem, a reportagem encontrou valores que variavam de R$ 1,95 (Menor Preço da Garibaldi) e R$ 2,29 (Hiperposto BR). No entanto, mesmo considerando os valores mais baratos, ainda é vantajoso o uso de gasolina em carros flex. Para calcular, divida o valor do álcool pelo da gasolina. Se der menos que 0,7, o álcool é mais vantajoso.

Preços muito baixos podem indicar gasolina adulterada

Gasolina barata é muito bom, mas… “Desconfie quando estiver barata demais”, aconselha o professor de Química e Gestão de Emissões Gasosas da faculdade ÁREA1, Roberto Mário Santos. Segundo ele, é fácil adulterar o álcool porque o combustível é solúvel em água. “Já na gasolina usam outros solventes mais baratos, que danificam o veículo”.

Segundo ele, os problemas causados são muitos, incluindo engasgos, aumento do consumo, problemas nas válvulas corrosão e aumento de emissão de gases. Para evitar o incômodo, há dois jeitos. Um é abastecer sempre no mesmo posto. “Assim, se surgir o problema, é mais fácil de identificar o causador”.

O outro é pedir para o frentista testar o combustível antes de colocar no seu tanque. “Todos são treinados para isso”, diz Walter Freitas, do Sindicombustíveis.

*Correio.