Se musicado, o ano de 2013 poderia começar com os cariocas da banda Revelação como trilha. “Às vezes a felicidade demora a chegar. Aí é que a gente não pode deixar de sonhar”. E como sonharam os rubro-negros em 2013! Sonhar sem deixar de acreditar. E, como quem acredita sempre alcança, o Vitória terminou 2013 com 'V' maiúsculo. Apesar de tropeços, como as eliminações precoces das copas do Nordeste e do Brasil, o ano que termina é um daqueles que entram para o hall dos grandes anos.

Dupla de sucesso: Dinei e Marquinhos encheram os corações rubro-negros de alegria em 2013

Em 2013, o Leão da Barra se fortaleceu, humilhou o maior rival e conquistou o título baiano após dois anos de jejum e sonhou alto. Por um turno inteiro da Série A, o time treinado pelo técnico Ney Franco vislumbrou a chance de disputar pela primeira vez na história a Copa Libertadores da América. A temporada que acaba de se encerrar foi recheada de fortes emoções para o torcedor, daquelas que após muitos anos ainda surgem na lembrança com um leve toque de saudade. Em 2013, o Vitória foi um clube que superou expectativas. De início, montou um elenco forte, com jogadores experientes e de passagem por grandes clubes do país. Nomes como os de Renato Cajá, Maxi Biancucchi e Escudero empolgaram o torcedor.

A simples ideia de apenas lutar para ficar na Série A já começava a ser ultrapassada. A torcida rubro-negra passou a acreditar que o clube podia mais. E a equipe deu esperanças para que esse pensamento fosse cultivado. Dentro de campo, o Leão foi imponente, quebrou tabus e mostrou força a todos os times do país durante a disputa do Brasileirão. O desempenho dentro de campo agradou, mas não foi a única marca da temporada. Alexi Portela finaliza neste ano sua gestão à frente do clube e deixa a Toca do Leão após oito anos na presidência do Vitória.

Nome na história

Na Fonte Nova, o Vitória fez o maior rival sofrer

Apesar do bom time montado no começo do ano, nem o mais otimista rubro-negro esperava um começo de ano tão bom diante do maior rival. No Campeonato Baiano, o Vitória ficou em segundo lugar no seu grupo, o que não o impediu de eliminar o líder Juazeirense e chegar à decisão. Mas o que marcou, de fato, o estadual foram os clássicos Ba-Vi.

O Rubro-Negro venceu três e dos quatro clássicos disputados no Baianão e empatou o último. Apenas estes números já seriam o bastante para um 2013 histórico, mas o ano foi além. Na inauguração da Arena Fonte Nova, quase 40 mil pessoas presenciaram um passeio épico: Vitória 5 a 1 no Tricolor. Se a goleada na abertura do novo estádio já era motivo de sobra para festejos, um novo 'chocolate' sobre o maior rival pouco mais de um mês depois foi motivo de orgulho ainda maior para os rubro-negros. E, desta vez, a sacola foi ainda mais recheada: Leão 7 a 3 no Bahia, e o nome cravado na história com a maior goleada dos clássicos na era moderna.

O título estadual, depois de dois anos de jejum, foi mero detalhe em um campeonato onde o Rubro-Negro foi soberano. A história do Baianão 2013 pode se resumir na frase que estampou a camisa comemorativa ao título: ‘O meu Leão impera!”.

Balança, mas não cai

Em uma temporada de sonhos, o Vitória não viveu apenas sob calmaria. Em alguns momentos, a tormenta também passou pela Toca do Leão. Contratado sob desconfiança da torcida, Caio Junior não foi a primeira opção da diretoria e nunca teve 100% de aceitação dentro do clube. A eliminação precoce nas quartas de final Copa do Nordeste para o Ceará, dentro do Barradão por 4 a 1, fez o treinador balançar no cargo. Na partida de ida, o Rubro-Negro havia batido o Vozão em Fortaleza. Em casa, precisaria apenas confirmar a vantagem, mas isso não aconteceu.

Apesar do desejo de parte da direção de demitir o treinador, o presidente Alexi Portela decidiu manter o técnico no cargo. Mesmo com as arestas acertadas entre as partes, Caio Junior nunca escondeu a decepção por ter “balançado” naquele momento.

Já a eliminação da Copa do Brasil veio dias depois do título baiano. Por causa do estadual, a saída precoce da competição não foi tão dolorida. O 'adeus' ao torneio nacional se tornou realidade após um empate em casa, na Fonte Nova, em 1 a 1 com o Salgueiro-PE. No jogo de ida, 0 a 0 no interior pernambucano.

Sonhar foi permitido

Eliminações à parte, o Vitória começou o Campeonato Brasileiro com um discurso que parecia muito mais sonhador do que realista. O então técnico Caio Junior fazia questão de afirmar que o time brigaria pela Libertadores nesta temporada. Após um bom começo de Série A, veio a queda de rendimento por volta da 15ª rodada do torneio para mostrar a realidade. Com a sequência ruim no Brasileirão, Caio foi demitido.

Logo na partida seguinte à queda do ex-técnico, Ney Franco assumiu o time baiano. O primeiro contato com os jogadores foi em campo, durante a partida contra o Flamengo, no Rio de Janeiro. Foi uma estreia sem preparação, que resultou em derrota por 2 a 1 para a equipe carioca e deixou desconfiança na torcida, já desgastada pela má fase na competição nacional.

Peça fundamental na temporada, Escudero foi o coração do Vitória em 2013

Ainda assim, foram necessários poucos jogos para que Ney Franco conquistasse o coração rubro-negro. De lá para cá, foram dez vitórias, quatro empates, sete derrotas e um Vitória enorme, que não tomou conhecimento dos rivais. Triunfos convincentes contra Vasco, Flamengo, Fluminense, São Paulo, Atético-PR e outras grandes atuações, mesmo quando o resultado não aparecia, somadas a uma aptidão para o ataque fizeram do Vitória de Marquinhos, Dinei e Maxi Biancucchi, um time que encheu os olhos de quem acompanhou o campeonato.

Paralelo a isso, 2013 marca o encerramento de um ciclo, com o fim do mandato do presidente Alexi Portela Junior, à frente do clube desde 2005. Bem aceito entre a maioria dos sócios, Portela fará o seu sucessor na próxima semana, quando o atual vice, Carlos Falcão, será indicado pelo Conselho para presidir a agremiação.

De peito aperto e sem medo de ser feliz, Ney Franco foi o comandante certo para sonhar

No final, restou ao Vitória a segunda melhor campanha do segundo turno, atrás apenas o Cruzeiro, a vice-artilharia com Dinei, que marcou 16 vezes, e um orgulho imenso de um time que chegou até a última rodada brigando por uma inédita vaga na Libertadores. Orgulho de um clube que somou a maior pontuação de um nordestino na era dos pontos corridos com 59 pontos, garantindo também a melhor pontuação de uma equipe da região desde 2003. O ano termina com um Vitória sonhador, mas de pés de no chão e sabedor de que é possível alcançar altos voos e fazer história.

As informações são do G1.