O segurança acusado de agredir um casal de jovens lésbicas na galeria da Acbeu no dia 1º de março prestou depoimento nesta segunda-feira (11), na 14ª Delegacia Territorial (Barra), onde o caso foi registrado. De acordo com o titular da unidade, João Cavadas, o funcionário negou que o fato tenha acontecido da maneira agressiva que foi relatada pelas vítimas.

"Ele afirma que apenas impediu o acesso delas ao sanitário", relata o delegado, informando que o segurança não forneceu muitos detalhes sobre o ocorrido. A polícia também solicitou que o acusado apresente testemunhas que foram citadas em seu depoimento para serem ouvidas no inquérito policial.

Roberta Nascimento e Talita Andrade, as vítimas agredidas, também irão indicar testemunhas em sua defesa, que estão marcadas para depor nesta sexta-feira (15).

João Cavadas também informa que o inquérito policial só poderá ser encerrado após a entrega do laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT). "Ele é necessário para saber como o crime deverá ser tipificado, a depender da gravidade das lesões", explica.

Entenda o caso

O casal estava acompanhando o lançamento de uma exposição na galeria Acbeu na noite do dia 1º de março, quando decidiu ir ao banheiro. De acordo com ambos os depoimentos, as duas mulheres foram impedidas pelo segurança de ir ao banheiro. O funcionário informou que o lugar estava fechado e que a exposição havia acabado.

Apesar disso, Roberta e Talita insistiram e se dirigiram ao sanitário. A partir daí os depoimentos divergem. Enquanto as vítimas alegam que foram abordadas pelo segurança com agressividade, o funcionário diz que seguiu apenas impedindo o acesso das jovens.


Talita foi agredida no rosto durante a confusão e precisou ir para o hospital

Talita afirma que um homem percebeu a ação do segurança e tentou ajudá-las, sendo agredido. A partir daí, as jovens tentaram conter fisicamente o funcionário, que empurrou Talita e acertou Roberta no rosto.

Por causa da gravidade do ferimento, elas buscaram atendimento no Hospital Português. Ao CORREIO, Talita diz acreditar que a confusão foi motivada por homofobia. "Estávamos tranquilas na festa, dançando e nos beijando, como fazemos em muitos lugares", relata. "Nunca pensei que fôssemos passar por isso. Talvez no máximo uma agressão verbal, mas nada desse tipo".

A Associação Cultural Brasil Estados Unidos (ACBEU) divulgou uma nota afirmando "lamentar profundamente o incidente ocorrido nas dependências da galeria de arte" e que "repudia veementemente a resolução violenta de conflitos e qualquer tipo de discriminação contra a livre orientação sexual de cada um".


GGB e a Marcha Nacional das Vadias realizaram protesto por causa da agressão

Em repercussão ao caso, o Grupo Gay da Bahia (GGB) e a Marcha Nacional das Vadias realizaram uma manifestação em frente à Acbeu no dia 4 de março. Com faixas, os manifestantes pediram a punição para o agressor e fecharam uma das faixas laterais do Corredor da Vitória, seguindo até o Campo Grande para protestar. Fonte: Correio