O espaço de 3,5 milhões de metros quadrados que costumava abrigar uma fazenda, no município de Simões Filho, hoje começa a se transformar num grande empreendimento de concreto: o Cone Aratu. O complexo dará suporte a indústrias instaladas na Bahia ou fora dela, que queiram instalar centros de distribuição, galpões, depósitos ou operações logísticas.

“Ao invés de ter que investir para comprar o terreno e construir uma estrutura, essas empresas vão poder apenas alugar o espaço já pronto”, explicou o vice-presidente da Cone S.A, Ângelo Bellelis. A Cone S.A, responsável pela construção do condomínio, pertence ao grupo Moura Dubeux, que constrói um empreendimento semelhante em Pernambuco (informações na página ao lado). Os contratos de aluguel podem ser de cinco, dez, 15 ou 20 anos.

“É um empreendimento importante para o estado, porque as empresas terão espaços adequados onde se instalar. A Cone pode, inclusive, adequar a estrutura física às necessidades da empresa”, completou o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Reinaldo Sampaio.

Segundo ele, há uma demanda do mercado para o tipo de serviço oferecido pelo Cone Aratu. “É uma infraestrutura para abrigar atividades empresariais das indústrias. Aqui na Bahia, temos o CIA e o Polo Industrial de Camaçari, que tem muitas indústrias que podem precisar disso. No caso dele (empreendimento), que vai trabalhar com logística e armazenamento, a posição é estratégica”, completou.

Ângelo, da Cone S.A calcula que haverá espaço para cerca de 50 indústrias. “O espaço para os galpões é de 900 mil metros quadrados. Se cada um deles tiver uma média de 20 mil metros quadrados, que é um tamanho bom, vai dar para 50 indústrias”. Ele explica que o resto da área inclui as ruas, áreas institucionais e zonas de proteção ambiental.

Atraso

Foi essa última questão que provocou certo atraso para o início das obras. A implantação do condomínio de negócios foi anunciada em junho de 2012, mas a burocracia para a concessão das licenças ambientais só terminou em maio desse ano. “Mas maio é época de chuva. Para começar a terraplanagem, tivemos que esperar o período de sol”, explicou Bellelis.

A previsão é de que a primeira empresa se instale no segundo semestre do ano que vem, mas o empreendimento completo só deve ficar pronto daqui a dez anos. “Serão duas fases, cada uma com duração de cinco anos”, conta. Somente neste período de operação, o vice-presidente calcula que serão gerados 2 mil empregos diretos.

Depois de pronto, a previsão é de mais 5 mil empregos na operação plena. Por enquanto, foram assinados três memorandos de empreendimento, ou seja, três empresas se comprometeram a assinar o contrato. “São empresas de bens de consumo e um operador logístico”, disse, sem querer citar nomes.

Segundo a Fieb, no entanto, o projeto já nasceu com a adesão da Rapidão Cometa – que foi adquirida pela Fedex – para implantar um galpão de 20 mil metros quadrados. Além disso, o Cone Aratu assinou um acordo de entendimentos com a Rede Ferroviária Centro Atlântica (FCA), da Vale, que se compromete a investir R$ 400 milhões na recuperação da ferrovia.

Mas o transporte férreo não será o único utilizado pelas empresas instaladas no Cone Aratu. O local da construção, conta o executivo, foi escolhido estrategicamente por ficar próximo aos portos de Aratu e de Salvador, às margens da BR-324, que liga Salvador a Feira de Santana, e a 22 quilômetros do Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães.

“Estamos no centro de quatro modais de transporte: férreo, marítimo, rodoviário e aéreo”, resume. Segundo ele, a escolha do estado da Bahia também foi estratégica. “A Bahia é um dos principais estados do Nordeste e a porta de entrada da região”.

O valor total do investimento é de R$ 1,3 bilhão até 2024. Nesta primeira fase – até 2019 – nas obras serão investidos R$ 540 milhões, sendo que R$ 270 milhões foram obtidos por meio de financiamento do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e o restante com recursos da própria empresa.

Projeto semelhante está em fase avançada em Pernambuco

Além das três empresas que já assinaram o memorando para ocupar galpões no Cone Aratu, os responsáveis pelo complexo apostam num público vindo de Pernambuco, onde há outro empreendimento semelhante, o Cone Suape.

“Muitos deles têm interesse em montar operação por aqui também”, conta Ângelo Bellelis, vice-presidente da Cone S.A. Lá, já estão instaladas 36 empresas em mais de 400 mil m² e outras 22 estão em negociação para se instalar no local em 2014.

Entre elas, a Arcelor Mittal, Fedex, Companhia Brasileira de Vidros Planos, Tecmar, 2Alianças, Cesa Logística, Companhia Siderúrgica Suape, Concrepoxi, Gerdau, Salvador Logística, Grupo Viasul, etc. Como na Bahia, o complexo fica posicionado estrategicamente, a 9 quilômetros do Porto de Suape e 16 do Aeroporto Internacional dos Guararapes, além de proximidade com rodovias e ferrovias. A localização facilita o escoamento das mercadorias. *Correio