Um tenente e um sargento do 9º BPM (Rocha Miranda) — que não estão presos — são suspeitos de serem os autores dos disparos que mataram Claudia da Silva Ferreira. Rodrigo Medeiros Boaventura e Zaqueu de Jesus Pereira Bueno são alvo de um novo inquérito aberto pela 29ª DP (Madureira) ontem para investigar o homicídio de Claudia e estavam na mesma guarnição que entrou no Morro da Congonha por volta das 7h de domingo. Ontem, os dois compareceram à delegacia e afirmaram que deram disparos contra traficantes no alto da favela. Os policiais contaram só terem visto a mulher quando seu corpo já estava “atravessado na via”.

Boaventura era o comandante da ação, e também foi o responsável por chamar a guarnição que fez o resgate de Claudia. A caminho do Hospital Carlos Chagas, na Estrada Intendente Magalhães, o porta-malas da viatura se abriu e Claudia foi arrastada por pelo menos 350 metros, como mostra o vídeo revelado pelo EXTRA. Na noite de ontem, os subtenentes Rodney Miguel Archanjo, Adir Serrano Machado e o sargento Alex Sandro da Silva Alves, responsáveis por levar Claudia da favela até o hospital, também prestaram depoimento. Eles estão presos em Bangu 8, mas são citados no inquérito como testemunhas do homicídio.

No depoimento de Boaventura à 2ª DPJM, o oficial afirmou que ele e o sargento entraram juntos na favela, foram recebidos por disparos e “reagiram à injusta agressão”.A morte de Claudia não é a primeira em 2014 que teve o envolvimento do tenente Boaventura. Há pouco mais de um mês, ele participou de uma operação no Morro Jorge Turco, em Rocha Miranda, que terminou com a morte de Diogo Sousa Cordeiro Vasconcelos. O caso foi registrado na 29ª DP como auto de resistência.

Todos os oito PMs que entraram na favela, na operação do último domingo, vão depor na 29ª DP. Além dos três policiais já presos e dos dois outros que participaram da troca de tiros, só mais um teve envolvimento no caso: o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles foi responsável por carregar Claudia até a mala da viatura.

Em depoimento à 2ª DPJM, o cabo afirmou que só levou a mulher até a mala do carro por ordem do tenente Boaventura. Ele também afirmou que, no momento do resgate, “a situação se encontrava conturbada, com risco do arrebatamento do armamento utilizado”. Com informações do Extra Globo.