A Justiça Federal aceitou nesta segunda-feira, 23, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e contra o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras, Renato de Souza Duque.

Além dos dois, outras 25 pessoas também se tornaram réus diante da Justiça Federal sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O MPF apresentou a denúncia na última segunda-feira (16), dia em que a 10ª fase da Operação Lava-Jato foi deflagrada com o nome de “Que país é esse?”, frase atribuída a Duque, que reclamava das investigações envolvendo seu nome para o seu advogado.

Nesta fase, o ex-diretor foi preso pela segunda vez. O pedido de prisão foi motivado por movimentações financeiras realizadas pelo ex-diretor em contas bancárias do exterior. Ele foi flagrado transferindo da Suíça para o Principado de Mônaco quantias superiores a 20 milhões de euros.

O doleiro Alberto Youssef, apontado como o líder do esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o engenheiro Pedro José Barusco Filho, que era gerente-executivo de Serviços e Engenharia e braço direito de Duque, também foram denunciados.

Nesta ação, o juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato em primeira instância, deixou de receber denúncia contra Youssef pelo crime de corrupção, pelo fato do doleiro já responder por este crime em outras ações penais. De acordo com a denúncia, Vaccari participava de reuniões com Duque para tratar de pagamentos de propina, que eram pagas por meio de doações oficiais ao PT. Dessa maneira, os valores chegavam como doação lícita, mas eram oriundas de propina. O MPF aponta que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$$ 4,2 milhões.

O tesoureiro do PT indicava em que contas deveriam ser depositados os recursos de propina, segundo o MPF. “Vaccari tinha consciência de que os pagamentos eram feitos a título de propina”, afirmou o procurador do MPF Deltan Dallagnol. Entre os denunciados e agora réus quinze são empreiteiros, cinco são operadores, quatro são ligados aos operadores, dois ex-diretores da Petrobras e um ex-gerente.

A denúncia envolve desvios de recursos da Petrobras em quatro obras: Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria de Paulínia (Replan), Gasoduto Pilar/Ipojuca e Gasoduto Urucu Coari. As empresas responsáveis por estas obras são OAS, Mendes Júnior e Setal.

Os 27 réus são: 1) Adir Assad; 2) Agenor Franklin Magalhães Medeiros; 3) Alberto Elísio Vilaça Gomes; 4) Alberto Youssef; 5) ángelo Alves Mendes; 6) Augusto Ribeiro de Mendonça Neto; 7) Dario Teixeira Alves Júnior; 8) Francisco Claudio Santos Perdigão; 9) João Vaccari Neto; 10) José Aldemário Pinheiro Filho (vulgo Léo Pinheiro); 11) José Américo Diniz; 12) José Humberto Cruvinel Resende; 13) Julio Gerin e Almeida Camargo; 14) Lucélio Roberto Von Lehsten Goes (Lucélio Roberto Matosinhos); 15) Luiz Ricardo Sampaio de Almeida; 16) Mario Frederico Mendonça Goes; 17) Marcus Vinicius Holanda Teixeira; 18) Mateus Coutinho de Sá Oliveira; 19) Paulo Roberto Costa; 20) Pedro José Barusco Filho; 21) Renato de Souza Duque; 22) Renato Vinicios; de Siqueira; 23) Rogério Cunha de Oliveira; 24) Sergio Cunha Mendes; 25) Sonia Mariza Branco; 26) Vicente Ribeiro de Carvalho; 27) Waldomiro de Oliveira.

Com informações de O Globo.