O repórter Piero Locatelli, de CartaCapital, foi solto na noite desta quinta-feira 13. O jornalista havia sido preso cerca de duas horas antes na Praça do Patriarca, no centro de São Paulo, durante a cobertura das manifestações pela redução da tarifa do transporte público em São Paulo.

Informada da prisão pela redação de CartaCapital, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse mais tarde em nota que "o secretário Fernando Grella determinou que a Corregedoria da Polícia Militar apure episódios envolvendo fotógrafos e cinegrafistas durante manifestação realizada desta quinta-feira 13, no centro de São Paulo".

O fotógrafo do Terra Fernando Borges também foi detido. De acordo com informações do portal, ele portava crachá de imprensa, equipamento fotográfico e se apresentou como jornalista, mas foi levado pelos policiais. Borges passou 40 minutos detido juntamente com manifestantes, mas depois foi liberado.

Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) condenou a prisão do jornalista de CartaCapital. "A Abraji pede que o repórter Piero Locatelli seja posto em liberdade para que possa seguir cobrindo a manifestação e lamenta que a polícia novamente impeça o trabalho da imprensa."

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Em repúdio à detenção, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo disse em comunicado ter enviado ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça de São Paulo, Ouvidoria das Polícias de São Paulo, Corregedoria das Polícias Civil e Militar, Comandos da PM e GCM, ao Palácio dos Bandeirantes e à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), exigindo providências contra as arbitrariedades ocorridas contra os jornalistas.

"Tendo em vista que muitos jornalistas foram agredidos e detidos por autoridades policiais enquanto realizavam seu trabalho jornalístico, fato ocorrido na última manifestação e amplamente divulgado pela imprensa, solicitamos garantia à integridade física e o direito à liberdade de imprensa aos jornalistas que cobrem o evento para que possam trabalhar sem o “risco” de serem detidos ilegalmente ou constrangidos no exercício da função de informar o cidadão sobre este acontecimento de importância pública relevante."

A Anistia Internacional também divulgou nota condenando o aumento da "violência na repressão aos protestos" e a prisão de jornalistas. Confira a íntegra da nota:

A Anistia Internacional vê com preocupação o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo. Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha.

O transporte público acessível é de fundamental importância para que a população possa exercer seu direito de ir e vir, tão importante quanto os demais direitos como educação, saúde, moradia, de expressão, entre outros.

É fundamental que o direito à manifestação e a realização de protestos pacíficos seja assegurado. A Anistia Internacional é contra a depredação do patrimônio púbico e atos violentos de ambos os lados e considera urgente o estabelecimento de um canal de diálogo entre governo e manifestantes para que se encontre uma solução pacífica para o impasse. *Carta Capital.