O traje é vermelho. A fé não tem cor. Na manhã desta quarta-feira (4), baianos e turistas lotaram o Largo do Pelourinho, no centro histórico de Salvador, para homenagear à madrinha do Corpo de Bombeiros e padroeira dos mercados, Santa Bárbara. Devotos católicos e do candomblé acompanharam a tradicional missa campal em homenagem à Santa, que começou por volta das 8h30 e foi encerrada às 10h, quando um cortejo saiu em procissão pelas ruas do centro histórico da capital baiana. Além das canções da religião católica, cânticos do candomblé empolgaram a multidão que acompanhou as celebrações nesta quarta-feira.
"Deus me deu essa dádiva de fazer aniversário no dia dela. É muito importante para mim. Minhas filhas são devotas, minha mãe, meu marido". O relato de Elenita Bárbara, 53 anos, demonstra a devoção à Santa Bárbara. Carregando no sobrenome uma homenagem à santa, Elenita vai acompanhou a missa na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Em casa, Elenita promete continuar a tradição de oferecer um caruru, culinária típica adotada na celebração . "Acordo cedo, venho pra missa, depois a procissão. O caruru só faço quando chego em casa. Geralmente no outro dia", promete. "Todo ano acompanho, ajudo ela a preparar o caruru", acrescenta o marido dela, Judazio Rodrigues.
A celebração não é só feita por baianos. Acompanhada dos amigos baianos Eduardo Ventura e Stephane Arriero, a turista paulista Maria do Carmo Fonseca aproveitou a vinda a passeio à capital baiana para homenagear à santa.
"Tenho uma filha que se chama Bárbara. É a primeira vez que venho participar e quero fazer tudo. Estou super animada", afirma. Após a missa campal, fiéis seguiram pelas ruas do Pelourinho em direção à sede do Corpo de Bombeiros, no bairro da Barroquinha.
Já para a doméstica Silvanete Santana, a devoção à padroeira dos Bombeiros deve começar desde criança. Acompanhada do filho Antony Davi, de sete meses, ela revela que ele deverá acompanhá-la em todas as futuras celebrações em homenagem à santa.
"Eu venho todo ano e ele vai vir comigo sempre. Peguei um ônibus de Tancredo Neves para cá às 5h30. Pedi liberação no trabalho para vir. Eu sou devota. Tudo que peço a Santa Bárbara, consigo", conta.
A celebração é feita há mais de 300 anos e é considerada Patrimônio Imaterial da Bahia desde 3 de dezembro de 2008, em um projeto do governo estadual. Além da religião católica, a festa é tradição ainda entre os candomblecistas. Na religião de matriz africana, Santa Bárbara é Iansã. De acordo com o Corpo de Bombeiros, após a procissão, haverá a tradicional distribuição de Caruru na Casa de Angola, que fica em frente à sede da companhia, na Barroquinha.
As informações são do G1.