A sessão ordinária realizada nesta terça-feira (19), na Câmara de Vereadores de Camaçari, foi, em essência, uma mostra da desordem que, aos poucos, assume a atmosfera da Casa Legislativa, lugar onde deveria existir o mínimo de civilidade necessário para a discussão de projetos que geram impacto na vida da população.
Diante de discursos cada vez mais imponderados e repletos de expressões ofensivas, dos consecutivos flagrantes de ausência de bom senso e eventuais quebras ou mau uso das regras preestabelecidas no regimento interno por parte dos vereadores, o próprio público presente parece se sentir cada vez mais confortável ou até mesmo estimulado a agir inadequadamente sem o menor temor ou respeito.
Na última sessão, foram raros os momentos de silêncio, nos quais os edis conseguiram expor seus argumentos sem que o presidente da Câmara, Oziel (PSDB), precisasse pedir aos espectadores que cessassem o barulho. Barulho, inclusive, que não é provocado por uma simples conversas paralelas e sim por gritos exaltados direcionados a vereadores que disseram ou fizeram algo que não lhe agradou.
Entre os casos que mais causam espanto e indignação está a agressão física que aconteceu diante do plenário, no dia 31 de agosto, quando um homem desferiu socos em uma mulher. A única reação da Casa foi suspender a sessão por cinco minutos e em seguida simplesmente retornar de onde parou. Na sessão desta terça, o autor da agressão estava novamente na plateia, exaltado, proferindo xingamentos e provocações contra alguns vereadores. Desta vez, nem suspensão temporária houve.
Outras situações vexatórias eclodiram no decorrer do encontro parlamentar: o vereador Flávio Matos (DEM) foi chamado de “almofadinha”; os professores presentes ficaram de pé para “votar” um projeto de resolução quando a ação é uma incumbência apenas dos vereadores; uma filiada do DEM interrompeu a sessão para manifestar a decepção com o partido; bate-boca nada cortês entre o vereador Dentinho (PT) e o presidente Oziel; entre outros momentos que não inspiram orgulho.
Por essas e outras, o polêmico e inflamado discurso do vereador Teo Ribeiro (PT) acaba, absurdamente, encontrando um contexto coerente, embora isso não o torne apropriado. Ao fazer uso do microfone da tribuna, o petista declarou que a Câmara de Vereadores de Camaçari virou “casa de mãe Joana”, uma expressão popular que significa lugar sem regras, onde a confusão predomina. No discurso, ainda coube ofensas como “prefeito escroto” e “corja de ladrões”.
Assista, abaixo, um vídeo que mostra o clima tenso em um dos momentos de discussão acalorada na sessão desta terça (19):
https://www.youtube.com/watch?v=6wGk81noqMM&feature=youtu.be