A ocasião era comemorativa, já que se tratava de uma sessão especial em homenagem aos 70 anos da Câmara Municipal de Camaçari, mas o discurso do vereador Teo Ribeiro (PT) adquiriu um tom diferente – um misto de desabafo, indignação e tristeza –, pois decidiu aproveitar a ocasião para lamentar o prejuízo que as denúncias feitas pelo Ministério Público teriam causado a sua imagem pública.
“Vulgo” – Teo, que no início desta semana teve a pré-candidatura a deputado estadual confirmada em reunião promovida pelo diretório municipal do PT, se dirigiu especificamente ao promotor responsável pela denúncia, o jurista Everardo Yunes, a quem se referiu propositalmente com “vulgo Yunes”, um tipo de provocação na mesma moeda, já que na denúncia assinada por Yunes a referência ao vereador, cujo nome de batismo é Teobaldo, aparece acompanhada da expressão “vulgo Teo”, interpretado pelo parlamentar como pejorativo e ofensivo.
“Hoje estou aqui ferido, por causa da mácula colocada na minha vida pública por uma pessoa do Ministério Público de vulgo Yunes, que me acusou, me julgou e me condenou, sem tem ouvido a minha versão”, iniciou Teo, antes de retomar o roteiro da programação e prestar uma homenagem ao ex-presidente da Casa Legislativa, o deputado estadual Bira Coroa.
Poder Subestimado – O líder da bancada oposicionista na Câmara também conclamou os pares a reagir e não permitir que o poder legislativo seja subestimado e diminuído pelo Poder Judiciário. “O que aconteceu foi a ingerência dos poderes que não entendem que nós somos um poder. A gente não pode deixar um poder como esse ser comandado e direcionado pelo Ministério Público. O órgão fiscalizador da Câmara de Vereadores não é o Ministério Público, é o Tribunal de Contas”, disparou.
Emoção – O edil chegou a se emocionar ao falar de como se sentiu ao ver seu nome aparecendo na imprensa como suspeito de participar de um esquema fraudulento que desviava dinheiro público. “Meu pai, no túmulo, não viu isso, mas minha mãe, com 94 anos, viu pela televisão isso que todo mundo viu”, declarou, com a voz embargada.
Juiz e Carrasco – Ao final, dirigiu-se diretamente ao promotor Everardo Yunes, chegando a ressaltar que muitos dos seus amigos o aconselharam a não falar mais sobre isso, mas que ele estava cedendo a necessidade de desabafar. “Quero dizer ao promotor de vulgo Yunes que eu não sou formador de quadrilha, que eu sou um cidadão de bem que respeito a minha família, respeito o povo da minha terra e respeito o parlamento. E acho que o promotor de vulgo Yunes errou quando me acusou, me julgou e me condenou. Ele fez o papel de juiz e de carrasco”, disse, taxativo.
Ouça o discurso do vereador Teo Ribeiro: